sexta-feira, 2 de março de 2012

A famosa Lei de Moore

Durante a década de 70, Gordon Moore, na época o presidente da Intel lançou uma profecia, que dizia que a partir dali o poder de processamento dos processadores dobraria a cada 18 meses. Esta “profecia” tornou-se tão verdadeira que acabou tornando-se na famosa lei de Moore, e realmente vem se mantendo precisa até aos dias de hoje.

Mas, você já parou para pensar até onde os processadores podem evoluir? Até onde a lei de Moore pode continuar sendo válida?

Um processador é formado por transístores. Um transístor sozinho é uma estrutura muito simples, basicamente temos três filamentos, um filamento emissor, outro colector e um terceiro, chamado de base. Entre os três pólos temos um material semicondutor, o que permite que o transístor não tenha partes móveis.

Cada transístor funciona como uma espécie de chave, pode permitir ou interromper a transmissão do sinal eléctrico. Apenas um transístor não pode fazer muita coisa, mas se combinarmos vários transístores teremos um microchip, que dependendo da sua complexidade pode ser programado para executar várias funções.

Quanto mais transístores o microchip possuir, mais operações por ciclo ele será capaz de executar. Porém, ao mesmo tempo, quanto maior for a área ocupada por ele, ou seja, quanto maior ele for, menor poderá ser a sua frequência de operação, pois com os transístores mais longe uns dos outros o sinal levará mais tempo para ser transmitido e, além disso, teremos perda de sinal e interferências. É justamente por isso que os chips são tão pequenos.
Chegamos então ao dilema fundamental: para ter um processador mais rápido, precisamos que ele seja mais complexo, ou seja, seja capaz de executar mais operações por ciclo, tendo consequentemente um número maior de transístores, ou então precisamos aumentar a sua frequência de operação, para que ele seja capaz de executar mais operações por segundo. O grande problema é que quanto maior for a frequência de operação, menor o chip deverá ser! As duas ideias são completamente incompatíveis.

Já que não adiantaria diminuir o número de transístores para aumentar a frequência de operação do processador, já que no final o resultado acabaria sendo o mesmo, ou até pior, o jeito é diminuir o tamanho dos transístores. Com transístores menores, poderemos tanto aumentar o número deles em cada chip, como aumentar sua frequência de operação. É esta ideia que vem permitindo a enorme evolução dos processadores nas últimas décadas.

Os primeiros transístores comerciais, produzidos na década de 50, tinham o tamanho da cabeça de um fósforo. Os transístores usados no 8088, o processador do XT já eram bem menores, medindo apenas 3 mícrons (um mícron equivale a um milésimo de um milímetro). O 486 já usa transístores medindo apenas 1 mícron, os primeiros processadores Pentium usam transístores de 0.5 mícron. Os processadores Pentium apartir de 100 MHz, assim com o MMX já utilizam transístores de 0.35 mícron. O Pentium II apartir de 350 MHz já usa 0.25 mícron, enquanto os processadores Pentium 4 utilizam transístores medindo apenas 0.18 mícron.

Ao mesmo tempo, foi aumentado o número de transístores em cada processador, o 8088 tinha apenas 29.000 transístores, enquanto um Pentium 4 tem 42 milhões. O Athlon não fica muito atrás, com 37 milhões.

Recentemente, a Intel anunciou suas pesquisas para produzir uma nova safra de chips com transístores medindo apenas 0.07 mícron. Até há um ano atrás, acreditava-se que seria impossível produzir transístores tão pequenos. Para você ter uma ideia, com apenas 0.07 mícron por transístor, cada gate, ou seja cada um dos três filamentos que compõe cada transístor, teria apenas 3 átomos de cobre de espessura! Para reforçar o quanto isto é pouco, com transístores de 0.18 mícron, o sinal eléctrico usado para mudar o seu estado, é composto por apenas algumas centenas de eléctrons. Com transístores de 0.07, o sinal teria apenas algumas *dezenas* de eléctrons! Haja isolamento para preservar a integridade de um sinal tão ínfimo. 
Segundo a Intel, os chips de 0.07 mícron devem começar a ser produzidos no final de 2005. Até lá teremos os chips de 0.13 e 0.10 mícron, que permitirão um grande salto no poder de processamento dos chips.

Os primeiros chips de 0.10 deverão chegar ao mercado lá pelo final de 2003, o que permitirá uma nova safra de chips operando inicialmente a 4 ou 5 GHz, mas com potencial para chegar até os 6 ou 7 GHz. Até lá, provavelmente já teremos uma forte presença dos processadores de 64 bits, principalmente do Hammer, que é mais adequado ao mercado doméstico.

Finalmente, caso a Intel consiga cumprir suas promessas (o que nem sempre faz), teremos no Natal de 2005 os primeiros chips de 0.07 mícron, que talvez alcancem a marca dos 10 GHz. Daí para frente ainda teremos mais pelo menos 3 gerações de processadores pela frente.

O segredo para conseguir produzir transístores tão pequenos é a técnica de produção usada. Hoje em dia usa-se litografia óptica, que consiste em usar laser para marcar o silício. A partir dos 0.13 mícron os fabricantes passaram a utilizar luz ultravioleta (Extreme Ultra Violet) que oferece uma precisão bem maior.

Não apenas a Intel, mas também a AMD e outros fabricantes de chips vem fazendo pesquisas neste sentido. Apesar de ainda não ter tocado no assunto, é de se esperar que a AMD acompanhe as evoluções da Intel, mantendo a concorrência, isso se até lá não aparecer uma terceira grande no ramo dos processadores. Quem sabe a Via, a Transmeta, ou até mesmo a própria IBM.
in Manual de Hardware Completo
de Carlos E Marimoto

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