sábado, 14 de julho de 2012

A definição do Movimento de Cursilhos

A definição do Movimento de Cursilhos, ao fluir do mesmo viver e do valor que o homem de hoje valoriza, podem-se detectar nela ressonâncias imperiais de um cristianismo desactualizado que hoje em dia tão só se crêem submissos e chatos «homens da igreja», mas que não servem para ser os que, uma vez convencidos e entusiasmados pelo Cursilho, podem dar testemunho de uma Igreja viva entre os homens, que lhes potencie as suas qualidades para viver a sua vida em plenitude, mostrando a sua atitude natural, humana e por natural e humana, atractiva e contagiosa para fermentar com o Evangelho os ambientes onde é desconhecido ou mal conhecido.

Hoje a realidade marca um rumo distinto do que sinaliza a definição.

Tem que partir do mundo real, não de abstracções teológicas estratosféricas, que ainda que muito verdadeiras, somente podem chegar à pessoa normal feitas vida viva em quem as vive.

O objectivo principal, ainda que não exclusivo, tem que ser os afastados.

Se há-de procurar que a cada um lhe chegue a mensagem, mas de maneira alguma se tem nada que imiscuir na reacção pessoal que a mensagem produza.

Não se deve tentar aturdir o Cursilhista com «ofertas» apostólicas, com o fim de hipotecar-lhe unilateral e clericalmente a sua generosidade. Não é bom que os bons de sempre lhes enderecem a sua generosidade até ao cultivo da sua parcela intra-eclesial preferida, porque isso lhe vai tirar vontade e espontaneidade para saber ocupar o seu posto no mundo.

Há que procurar que o Cristo heróico, não substitua o Cristo doméstico, o Cristo corrente, o Cristo quotidiano, o que se junta e se mistura com o viver de cada homem, dando sentido a todas as suas acções e um brilho novo à maravilhosa realidade do seu existir consciente e agradecido.

Todos no Cursilho e depois dele, tem que arrancar da realidade de um encontro pessoal consigo próprio, que é o único que faz possível a cada um ir-se conhecendo nas suas qualidades e nas suas limitações. E o único que propicia também o cultivo do espaço interior onde reside e se senta o ponto-chave que codifica a intenção. Que é o que dá dimensão de valor às acções.

Estas são algumas das mais importantes linhas de actuação do Movimento de Cursilhos que se vem dando e prolongando na trajectória do viver dos que se aproximaram deles com o objectivo de compreendê-los e fazê-los realidade no seu viver, guardando o respeito e a fidelidade devida ao carisma fundacional.

Onde não foi assim, onde os secretariados se desfocaram da sua finalidade, acreditando talvez de boa fé, que o seu trabalho consistia, já que assim se fez muitas vezes, em dedicar-se a manipular, desactivar ou a tergiversar as realidades coerentes e conjuntivas que constituem a estrutura do Cursilho, conseguiu-se romper a unidade da mensagem e com isso muitas coisas mais, que dificultaram, quando não obstaculizaram, a possibilidade de que muita gente seguisse sem inteirar-se de que Deus em Cristo o ama.

Eduardo Bonnín Aguiló

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