sábado, 13 de outubro de 2012

Sentido

QUE SENTIDO TEM A VIDA PARA TI?

Para mim, a convicção mais valiosa, a que dá valor a tudo o que vale, é ir intuindo, captando, sabendo, e vivendo de maneira consciente, a maravilhosa realidade de que a vida tem sentido, finalidade, meta.

Ir descobrindo dia a dia, momento a momento e detalhe a detalhe, que Deus é o princípio e a origem de toda a vida, o que a motiva, a impulsiona e a dirige amorosamente até à sua plenitude, é para mim uma alegria progressiva que flutua sempre, mesmo nas dificuldades mais duras.

Se bem compreendo que se Deus tivesse sido e continuasse sendo para mim somente uma ideia, uma abstracção, algo de não concreto, a minha vida não teria sentido, se o tem, é porque venho encontrando Deus em Cristo, e nele Cristo vivo, normal e próximo, que se descreve e se delineia no Evangelho, onde se explicita que ressuscitou, e que segue vivo nos que se propõe segui-lo em espirito e em verdade, sendo para todos e para tudo o Caminho, a Verdade e a Vida.

Estas realidades, quando tratei de mete-las no eixo do meu viver iluminaram-me qualquer situação e qualquer ocasião conjuntural, e ao aplica-las senti no íntimo, o eco do certo.

Isto é o sentido que tem a vida para mim. O sentido que sempre está vigente. Um sentido que dura, e perdura através do tempo. Porque um sentido que tem um depois, que se corta, mostra, expressa, aclara, que era "um" sentido, mas não o sentido, porque o sentido nunca se para nem, cessa. O sentido está sempre vivo e premente, por isso Cristo para mim é o desejo a que aponta o meu desejo mais premente.

HÁ ALGUM FACTO NA TUA VIDA QUE SE DESTAQUE DE ENTRE TODOS OS DEMAIS?

Em certa ocasião, sendo Presidente Diocesano dos Jovens de Acção Católica, vi um Sacerdote que exercia o seu ministério na prisão de Palma, pedir a nossa colaboração para um caso especial. Se tratava de dois jovens que haviam sido condenados à morte. Segundo as leis vigentes naquele tempo no nosso país, teriam que morrer pelo que se chama "garrote", pois segundo o juiz, o crime que haviam cometido, tinha todos os agravantes para que assim fosse: estavam em idade militar, tinha existido no acto, premeditação, traição, fora cometido de noite, etc. etc.

No geral, a sua disposição não era a mais adequada para fazer frente a tão irritante e dolorosa tarefa, pelo que o Sacerdote nos pediu a nossa ajuda para falar com eles e tratar pelo menos que se reconciliassem com Deus. Que morressem na sua graça.

Protegidos pelas orações de muitos e na companhia do que então era Vice-presidente da Acção Católica fomos à prisão, conhecemos os jovens em questão, conversámos com eles, estivemos falando toda a noite. Naquela ocasião podemos experimentar ao vivo e em directo a formidável potência da oração, nos fizemos amigos, o diálogo fluía com normalidade, apesar do anormal que era aquela situação, reagiram estupendamente, pediram a confissão, reconciliaram-se com Deus, de madrugada, celebrou-se a Missa dos justiçados e depois de nos despedirmos efusivamente daqueles dois amigos, executou-se a sentença. Naquele momento eu e o me companheiro permanecíamos junto ao Sacrário, ao sair da capela ao ver mortos e estendidos no ataúde aqueles amigos, a onda de emoção daquele momento, foi e continua a ser para mim, sem dúvida alguma, o facto que mais se destaca do que vivi.

CURRICULUM VITAE

Nasci em Palma de Maiorca no dia 4 de Maio de 1917 - Depois dos estudos normais daquele tempo no Colégio dos Padres Agostinhos e nos Irmãos de La Salle, incorporei-me no negócio familiar de exportação de fruta. Por ser da incorporação de 1938, tocou-me fazer nove anos de serviço militar.

Não pertencia à Acção Católica, tomei parte num dos cursilhos que naquele tempo realizavam os Jovens do Conselho Superior de Acção Católica o que foi um passo decisivo para resolver-me a solicitar a minha admissão nela. Em pouco tempo organizou-se uma peregrinação de dirigentes a Santiago de Compostela, e me comissionaram para ir lá representando Maiorca. Pouco depois me nomearam Presidente Diocesano dos Jovens, o que me fez reflectir muito, pensando que algo concreto tinha que fazer para motivar a juventude e juntamente com alguns amigos, depois de muito rezar e estudar e rezar, nasceram os hoje chamados Cursilhos de Cristandade, que na actualidade, chegaram já aos cinco continentes.

Juntamente com o Rev. Dom Miguel Fernández, escrevi a publicação "O COMO E O PORQUÊ"; e em colaboração com Francisco Forteza, o livro "ESTRUTURAÇÃO DE IDEIAS" e "EVIDÊNCIAS ESQUECIDAS – ESTRUTURAÇÃO DE IDEIAS" e o folheto intitulado "MANIFESTO DOS CURSILHOS DE CRISTANDADE".

Colaboro com certa regularidade na revista do Organismo Mundial de Cursilhos de Cristandade, chamada "TESTEMUNHO".

Palma de Maiorca 22 Fevereiro de 1992



Sr. Don Francisco Ventura
Carretera de Cornellá, 37 - 4 - 2
Esplugas de Llobregat - BARCELONA 

Meu bom amigo Ventura:
Te envio o que me encarregastes, tenho uma grande quantidade de coisas que fazer e não pude dedicar-lhe mais tempo. Não me agrada, mas poucas vezes me agrada o que faço, por isso não lhe dou mais voltas e lhe envio. Se não lhe parece bom pode jogá-lo no lixo.

Lembremo-nos do que se passa no próximo dia 25 de Março.
Em Maio próximo, dia 9, começa aqui em Maiorca um Cursilho de Mulheres, e no dia 21 do mesmo mês, um de homens. Os encomendamos à vossa oração.

Um abraço e até qualquer dia.

Eduardo Bonnín

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