Para podermos usar o disco rígido, primeiro devemos formatá-lo. Formatar significa dividir logicamente o disco em sectores endereçáveis, permitindo que os dados possam ser gravados e posteriormente lidos de maneira organizada.
A formatação do disco é um assunto relativamente complicado, tanto que muitas vezes, mesmo profissionais da área têm dúvidas sobre este assunto. A primeira coisa a se compreender sobre isto, é que existem dois tipos de formatação: a formatação física, ou formatação de baixo nível, e a formatação lógica.
No início deste capítulo, discutimos sobre a organização do disco em trilhas, sectores e cilindros.
Esta organização é necessária para que se possa ler e gravar dados no disco.
A divisão do disco em trilhas, sectores e cilindros é chamada de formatação de baixo nível, ou formatação física. Os discos mais antigos, padrão ST-506 e ST-412 (que há mais de uma década deixaram de ser usados, sendo substituídos pelos discos padrão IDE e SCSI), eram muito mais simples que os actuais, permitindo que a formatação física fosse feita pelo próprio usuário através do Setup. Inclusive, estes discos precisavam ser periodicamente reformatados fisicamente. Isso acontecia por um problema simples: quando lidos pela cabeça de leitura, os setores do disco esquentavam e se expandiam, esfriando e contraindo-se logo em seguida.
Esta expansão e contracção da superfície do disco, acabava por alterar a posição das trilhas, causando desalinhamento e dificultando a leitura dos dados pela cabeça magnética, sendo necessária uma nova formatação física para que as trilhas, sectores e cilindros, voltassem às suas posições iniciais.
Para piorar, nesses discos obsoletos era utilizado um motor de passo para movimentar as cabeças electromagnéticas que, por não ser completamente preciso, sempre acabava causando algum desalinhamento também.
Os HDs IDE e SCSI, usados actualmente, já são muito mais complexos que os discos antigos, sendo quase impossível determinar sua disposição de trilhas, sectores e cilindros para possibilitar uma formatação física. Eles também não possuem o problema de desalinhamento, de modo que neles a formatação física é feita somente uma vez na fábrica.
Qualquer tentativa indevida de formatar fisicamente um disco moderno simplesmente não surtirá efeito, podendo em alguns casos raros, até mesmo inutilizar o disco. Concluindo, todos os discos rígidos do padrão IDE ou SCSI não precisam ser formatados fisicamente, não sendo aconselhada qualquer tentativa.
Existem alguns programas, como o Ontrack Disk Manager ou o Maxtor Low Level Format, que são usados por alguns utilizadores como formatadores físicos. Na verdade, em sua maioria estes programas são simplesmente ferramentas de diagnóstico e correcção de erros, na mesma linha do Scandisk, apenas com alguns recursos a mais, que checam o disco marcando sectores defeituosos, permitindo também visualizar muitos outros erros lógicos no disco e corrigi-los.
De qualquer maneira, a acção destes programas é apenas a nível lógico.
Outros programas como o ‘Zero Fill”, fazem um tipo de formatação irreversível, preenchendo todos os sectores do disco com bits 0. A única diferença deste tipo de formatação, para a feita pelo comando “Format”, é que (pelo menos em teoria) não é possível recuperar nenhum dos dados anteriormente gravados no disco.
Finalmente, temos alguns programas antigos, assim como a opção de “Low Level Format” encontrada no Setup de placas mãe antigas, destinada a formatar fisicamente os antigos HDs padrão MFM e RLL. Quando usado em um HD IDE ou SCSI, este tipo de formatação simplesmente não funciona. Quando muito é apagado o Defect Map e o sector de Boot do HD, desfazendo a formatação lógica do disco e causando a perda dos dados gravados, sem entretanto, alterar a formatação física.
Algumas pessoas tentam usar placas mãe mais antigas, que possuem no Setup a opção de formatação de baixo nível para “formatar fisicamente” seus discos rígidos IDE a fim de eliminar sectores danificados no disco. Este procedimento, além de poder causar danos ou mesmo a inutilização do disco rígido, não traz nenhuma vantagem.
Um sector danificado é uma pequena falha na superfície magnética do disco rígido, onde não se pode gravar dados com segurança. Estes danos na superfície do disco rígido podem surgir devido a algum impacto forte, ou mesmo devido ao desgaste da mídia magnética, o que costuma ocorrer em discos rígidos com muito uso. Quando rodamos algum utilitário de diagnóstico do disco rígido, como o Scandisk, que acompanha o Windows 95 ou 98, são testados todos os sectores do disco rígido, e aqueles que estão danificados, são marcados como defeituosos numa área reservada do disco chamada de “Defect Map”, para que não sejam mais usados. Os sectores danificados são comummente chamados de “bad-blocks”.
Estes sectores são marcados como defeituosos justamente por apresentarem tendência à corrupção dos dados gravados. Tentar apagar o Defect Map, faria apenas com que estes sectores fossem novamente vistos como bons pelo sistema operacional. Esta tentativa desesperada não soluciona o problema, simplesmente faria com que as áreas danificadas do disco, antes marcadas, voltem a ser utilizadas, diminuindo a confiabilidade do disco.
in Manual de Hardware Completo
de Carlos E Marimoto
de Carlos E Marimoto
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