sexta-feira, 25 de abril de 2014

Gestão de Cor – Modelos de Cor e Espaços de Cor

Como já foi referido anteriormente, o sensor de uma câmara digital capta apenas luz vermelha, verde e azul (RGB). O RGB é aquilo que chamados modelo de cor, e é baseado na forma como o olho humano capta imagens a cores, ao misturar várias proporções de luz vermelha, verde e azul. O modelo RGB usado nos vários tipos de ecrã, cria uma imagem, transmitindo luz vermelha, verde e azul. O modelo CMY (cyan, magenta, yellow) usado nas impressoras cria a mesma imagem, usando tinta azul ciano (cyan), magenta e amarela (yellow), que absorvem as cores de forma a que apenas o verde, o vermelho e o azul sejam reflectidos. 

Se alinhar as letras CMY por
baixo das letras RGB, obtém
um guia rápido sobre o
funcionamento do sistema
CMY. O azul ciano cria o
vermelho (directamente
por cima deste), ao
absorver as outras duas
cores, azul e verde; O
magenta cria o verde,
ao absorver o vermelho
e o azul; e o amarelo cria
o azul ao absorver o
vermelho e o verde.
Modelos de Cor
Os modelos de cor são bastante básicos – aquilo que nos dizem é a quantidade de cada cor primária usada na mistura das outras cores.
  • O modelo RGB especifica a quantidade de cada cor em unidades entre 0 e 255.
  • O modelo CMY especifica a quantidade de cada cor em percentagens, entre 0 e 100%.
Por exemplo, começando com um vermelho puro, o seu valor RGB seria R:255 G:0 B:0, indicando que a componente vermelha é 256 (lembre-se, contamos a partir do 0, não do 1), e ambas as componentes verde e azul são 0. Isto pode parecer uma descrição detalhada de uma cor, mas não é, porque não se refere a uma cor, tal como a captaríamos, mas sim, à comunicação a um dispositivo, tal como um ecrã ou impressora, para gerar o máximo de vermelho possível. (Um perito chamaria a estes valores RGB “input signals” – sinais de entrada). O vermelho muito saturado mostrado num dispositivo pode equivaler a um vermelho pouco intenso, quando mostrado noutro dispositivo. É como se um manual de condução indicasse que, para atingir determinada velocidade, é necessário pressionar o pedal do acelerador até 3 centímetros. No entanto, se esta instrução é seguida num Ford, este atinge os 60 km/h, enquanto que se for seguida num Ferrari, este pode atingir os 200 km/h. Em fotografia digital, é necessário encontrar uma maneira de fazer com que os valores se refiram a uma cor muito específica, e é assim que chegamos ao conceito de espaços de cor. 

Esta imagem mostra o espaço
de cor sRGB sobreposto ao
Adobe RGB (mostrado em
transparência). É possível
verificar o quão mais pequena
é a gama do sRGB em relação
ao Adobe RGB.
Espaços de Cor
Um espaço de cor localiza cada uma dos milhões de cores possíveis, num gráfico tridimensional, de tal maneira a que as suas posições mostrem de que forma se relacionam umas com as outras (designado normalmente por scaling). Cada cor pode ser especificada ou localizada num espaço, através das suas coordenadas.

Uma das características chave dos espaços de cor é a sua gama – a escala de cores que ele representa. Espaços de cor, assim como dispositivos diferentes, têm gamas diferentes. Não é invulgar acontecer que uma determinada cor de uma imagem, esteja dentro da gama de cores do ecrã, mas não dentro gama da impressora, e vice-versa. Quando uma cor está fora da gama de um espaço, não pode ser reproduzida e é chamada de out-of-gamut (fora da gama). Na próxima secção, veremos como um sistema de gestão de cores pode trazer cores out-of- gamut para a gama de um determinado dispositivo.

É preciso lembrar que uma gama mais vasta não significa um número maior de cores. A única forma de o obter é capturando as imagens em RAW, e não em JPEG. Uma gama mais vasta apenas alarga as cores disponíveis.

Em fotografia digital, é possível encontrar uma referências a uma variedade de espaços de cor RGB. Os mais comuns são:
  • sRGB. Este espaço de cor possui a gama mais pequena de todos os que abordámos anteriormente, mas é ideal para imagens que serão projectadas ou mostradas num ecrã. Quase todas as câmaras o usam, por defeito, para as imagens JPEG. A maioria dos browsers e ecrãs estão preparados para exibir este espaço de cor da forma mais precisa possível.
  • Adobe RGB. Este espaço de cor tem uma gama mais vasta que o sRGB e é normalmente usado, quando o objectivo é a obtenção de impressões de alta qualidade. Uma das suas desvantagens é o facto de que as imagens que o usam, vêm as cores subjugadas quando são mostradas num ecrã, já que a maioria usa o espaço sRGB. No entanto, se usar o espaço Abobe RGB, o Photoshop, o Lightroom e outros produtos são capazes de o converter para sRGB sem perda de qualidade da imagem.
  • ProPhoto. Este é o maior espaço de cor usado hoje em dia, em fotografia digital, e é o único que possui uma gama que inclui todas as cores que uma câmara é capaz de captar. Este espaço de cor pode gerar problemas quando é usado em imagens JPEG de 8 bits. Este tem um número tão inferior de níveis de tons (256, contra os 65536 das imagens RAW), que se realizar um ajuste maior, pode aparecer o banding – transições visíveis, em vez de gradações suaves.
A gama do espaço sRGB
sobreposta à gama do
espaço CIE LAB, que é
muito maior.
  • CIE LAB. O espaço de cor CIE LAB e o seu parente próximo CIE XYZ são espaços de cor diferentes, mas muito importantes, apesar de não se trabalhar directamente com eles. Ao contrário de outros espaços de cor, o CIE LAB distribui as cores, baseando-se na forma como as captamos, e não da forma como são captadas por diferentes dispositivos. Por este motivo, este espaço de cor é independente de dispositivos. Ele contém quase todas as cores que o olho humano é capaz de captar. (Curiosamente, o CIE LAB não pode ser impresso ou mostrado de forma precisa porque não existem dispositivos que reproduzam a totalidade das suas cores). Na secção seguinte, sobre gestão de cores, será abordada a forma como este espaço de cor desempenha um papel importante, no envio de imagens da câmara para o ecrã e depois para a impressora, mantendo as cores constantes em todos esses dispositivos.
  • Working space. As aplicações de edição de imagem permitem seleccionar um working space de forma a que as cores sejam as que esperamos, tanto no ecrã, como numa impressão. O working space pode ser sRGB, Adobe RGB, Pro-Photo RGB, ou qualquer outro espaço de cor suportado pela aplicação.
O modelo CMYK usa o azul
ciano, o magenta e o
amarelo (e preto) para
formar todas as outras
cores.
Apesar de a câmara integrar um determinado espaço de cor nas imagens JPEG que capta, existem duas maneiras de o alterar:
  • Anexar um novo espaço de cor altera a aparência e as cores de uma imagem, sem alterar os valores das cores de cada píxel.
  • Converter a imagem para outro espaço de cor mantém a aparência da imagem, mas converte os valores das cores de cada píxel, de forma a enquadrar as cores no novo espaço.
Quando usa o Photoshop, pode atribuir perfis diferentes e observar as mudanças na aparência da imagem. Esta é uma boa maneira de descobrir qual o espaço que funciona melhor para uma imagem em particular. A gama mais vasta possível nem sempre é a melhor escolha. Uma gama mais pequena, tal como a sRGB tem espaços menores entre as cores, o que proporciona que as gradações suaves, tais como as que encontramos nos tons de pele, sejam reproduzidas de uma forma mais precisa. No entanto, se o interesse de imagem é um cone de trânsito cor de laranja fluorescente, muitas das suas cores podem encontrar-se fora da gama do sRGB, pelo que o ProPhoto seria uma escolha mais acertada.


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