terça-feira, 22 de abril de 2014

Phoenicopterus roseus, Flamingo


Taxonomia
Aves, Phoenicopteriformes, Phoenicopteridae.

Tipo de ocorrência
Invernante.

Classificação
População  invernante: VULNERÁVEL - VU (B2ab (iii))
Fundamentação: Espécie com área de ocupação reduzida (inferior a 2.000 km2), que ocorre em menos de 10 localizações e cujo habitat preferencial (as salinas) tem apresentado redução da área, extensão e qualidade.

Distribuição
O flamingo distribui-se localmente por vários continentes, encontrando-se no Norte, Sul e Este de África, Sudoeste da Ásia, Galápagos e também na Europa (Tucker & Heath 1994). No Paleárctico Ocidental nidifica em Espanha, França, Tunísia e, mais recentemente, na Sardenha (Cramp & Simmons 1977).

Realiza movimentos dispersivos e erráticos, que ainda não são totalmente conhecidos.

A sua distribuição no território continental abarca sobretudo a faixa litoral a sul da Ria de Aveiro, sendo os núcleos mais importantes os Estuários do Tejo e do Sado, Ria Formosa e Castro Marim. Começa no entanto a ser observado em açudes, barragens, lagoas ou em zonas de arrozal no interior do país.

População
Em Portugal, segundo Tait (1924), a sua ocorrência era rara e irregular no início do século XX e também na década de 70 (Cramp & Simmons 1977). Ao longo da década de 80 o flamingo passou a ser uma ave comum nos principais estuários portugueses, onde apresenta no entanto variações significativas de mês para mês (Farinha et al. 1992).

A sua população invernante situa-se entre os 3.000 e os 7.000 indivíduos (Rufino 1993, Costa & Rufino 1993, 1996 e 1997, Encarnação V & Guedes RS dados não publicados).

Em termos de estatuto de ameaça a nível da Europa, a espécie é considerada Localizada (BirdLife International 2004).

Habitat
Frequenta lagoas abertas e pouco profundas, lagos ou deltas lodosos, zonas costeiras e menos frequentemente interiores, zonas com água salgada e alcalina; inclui estuários, salinas, arrozais, lagoas costeiras e ocasionalmente barragens. Requer grandes espaços, abertos e tranquilos (espécie pouco tolerável a perturbação). No entanto pode encontrar-se em zonas de sapal artificial e em outras zonas húmidas rodeadas pelo homem.

Factores de Ameaça
O abandono e transformação de salinas para outras actividades, tem constituído um dos grandes factores de ameaça para a sua fixação. Esta alteração destas áreas traduz-se em perda de habitat de alimentação, quer pela drenagem das mesmas quer pela sua inundação em níveis que não permitem a concentração do sal na água e assim inviabilizar a produção de pequenos crustáceos como Artemia salina, o seu recurso alimentar principal. A ampliação de zonas industriais e portuárias, nomeadamente à custa de zonas de sapal, constitui uma ameaça a esta espécie. As zonas de vaza junto ou nos meandros formados pelo sapal constituem uma importante alternativa como zonas de alimentação.

Trata-se de uma espécie pouco tolerante à presença humana e outro tipo de perturbações sendo por isso afectada negativamente pela expansão turística e urbanística.

A utilização de herbicidas e insecticidas nas áreas de arrozal, ao inviabilizar a existência das suas principais presas, corresponde a uma diminuição da qualidade do habitat de alimentação.

É ainda uma ave vítima de abate ilegal.
 
Medidas de Conservação
A preservação do flamingo em Portugal depende da manutenção em bom estado de conservação dos seus locais de refúgio e alimentação. A criação de salinas artificiais e lagos salgados temporários pode-se justificar nalgumas áreas. Esta espécie, beneficiaria ainda com o controlo e tratamento eficaz das descargas de efluentes, na sua área de ocorrência. Também a redução da pressão de abate ilegal é uma medida importante. A monitorização da população é fundamental.

Notas
Extinto como nidificante; anotações de D. Carlos de Bragança (inéditos) referem a nidificação desta espécie no sul do Guadiana no século XIX (Catry 1999).

in Livro Vermelho dos Vertebrados


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