quarta-feira, 13 de abril de 2011

O problema dos encaixes

Já que a enorme variedade de encaixes e padrões é um problema crónico dos processadores actuais, o melhor é aprender a conviver com o problema.

O encaixe da placa mãe, dá uma boa pista de quais os processadores que ela suporta. Mas, nem tudo são flores. Como saber se uma placa mãe Slot 1 suporta um processador Pentium III Coppermine por exemplo, ou se suporta só processadores Pentium II? Veja algumas dicas a seguir.

Como cada família de processadores utiliza um encaixe diferente, apenas observar qual é o encaixe usado na placa mãe já dá uma boa dica de quais processadores que ela suporta.

Socket 7
Este é o encaixe utilizado pela maioria dos processadores fabricados a até 98. Existem basicamente duas famílias de placas mãe com este encaixe. As placas mais antigas, em geral as fabricadas até 97 suportam barramento de apenas 66 MHz e são compatíveis apenas com o Pentium 1 e em geral também com o Pentium MMX, Cyrix 6x86 e o K6 de até 233 MHz. As placas socket 7 mais modernas, são apelidadas de placas “super-7” pois suportam barramento de 100 MHz e são compatíveis também com os processadores K6-2 e K6-3. Alguns modelos trazem até um slot AGP.

Entre as duas gerações, existe uma família intermédia, que é composta pelas placas mãe que suportam bus de 66 MHz, mas já suportam as tensões de 2.2 e 2.4V utilizadas pelos processadores K6-2. Como os processadores K6-2 tem o multiplicador destravado, pode-se utilizar processadores até o multiplicador que a placa suportar. Se por exemplo a placa suportar multiplicador de até 6x, pode-se utilizar um K6-2 de até 400 MHz (6x 66 MHz) e assim por diante.

Para saber com certeza, precisará de ter o manual da placa. Muitas vem com esquemas resumidos, decalcados na própria placa, com o jumpeamento para cada voltagem, bus e multiplicador suportado pela placa, mas o manual será sempre uma ferramenta muito mais confortável para se trabalhar.
Socket 7
Se por acaso não tem o manual da sua placa, pode consegui-lo com facilmente pela Internet. Os fabricantes disponibilizam os manuais em formato digital gratuitamente, e em geral mantém um arquivo com manuais de placas antigas. Em alguns casos  é possível conseguir manuais até de placas para 486. Se souber a marca e modelo da sua placa mãe, basta ir directamente ao site do fabricante.

Em geral você encontrará os manuais nos links Download; Products/Moterboards ou então Support.

Mesmo se não tem o manual e não tem a mínima ideia de qual é a marca e modelo da placa, ainda poderá conseguir localizar o manual, embora com um pouco mais de trabalho através da identificação do BIOS, o código que aparece no canto inferior esquerdo no ecrã principal do BIOS logo que o computador é ligado, como destacado na foto abaixo:
Número de identificação do BIOS
Em geral o código trará a data em que a placa mãe foi fabricada (12/02/97 no exemplo), o chipset que a placa mãe utiliza (i440LX) e finalmente o modelo da placa (P2L97). De posse do código, um bom lugar para chegar até o site do fabricante é visitar o Wins Bios Page, no endereço http://www.ping.be/bios

Este site reúne links para praticamente todos os fabricantes, e disponibiliza um utilitário gratuito, o CTBIOS.EXE que ao ser executado identifica o modelo da placa mãe e fornece o endereço da página do fabricante.

Slot 1
Enquanto o Pentium e o Pentium MMX utilizavam o socket 7, a próxima família de processadores Intel passou a utilizar um novo encaixe, o famoso slot 1, que foi utilizado por todos os processadores Pentium II e por algumas versões do Celeron e do Pentium III.
Slot 1
Como no caso das placas socket 7, existe a divisão entre placas antigas e placas mais modernas e, como sempre, o manual existe para ajudar a descobrir quais os processadores que são suportados por cada uma. Mas, pode ter uma ideia de quais os processadores que são suportados apenas com base no chipset utilizado na placa mãe. Pode descobrir qual é o chipset da placa em questão pelo número de identificação do BIOS que vimos na sessão anterior ou com ajuda do site do fabricante.

As placas com chipsets i440FX, i440LX ou i440EX, suportam apenas o Pentium II de até 333 MHz ou o Celeron. No caso do Celeron a placa suportará os modelos de até 500 MHz e os modelos de 533 MHz que usam voltagem de 1.65 volts. Em geral não serão suportados os modelos de 533, 566 e 600 que utilizam voltagem de 1.5 volts, pois estes processadores possuem requisitos eléctricos diferentes dos anteriores, pois já são baseados na arquitectura Coppermine.

1- Caso o Celeron venha no formato PPGA (o Celeron em formato socket, com um encapsulamento de fibra de vidro com uma chama metálica sobre o core, como no Pentium MMX, produzido em versões entre 366 e 533 MHz) será necessário um adaptador socket 370/slot 1 que custa cerca de 15 dólares e é fácil de achar.
Celeron PPGA e adaptador
2- Caso ao ser instalado, a placa mãe reconheça o processador de forma incorrecta, ou então simplesmente não funcione em conjunto com ele, será necessário fazer um upgrade de BIOS. Em resumo, precisará baixar os arquivos de actualização adequados ao seu modelo de placa a partir do site do fabricante, junto com o programa que faz a gravação, efectuar um arranque limpo via disquete e executar o programa de instalação via MS-DOS.

As placas mais recentes, baseadas nos chipsets i440BX, i440ZX, i815 ou Via Apollo Pro por sua vez, suportam todas as versões do Pentium II, todas as versões do Celeron de até 500 MHz (ou 533 MHz de 1.65 volts) e na grande maioria dos casos também o Pentium III e os Celerons de 566 e 600 MHz. Consulte o site do fabricante sobre esta possibilidade. Em alguns casos será preciso actualizar o BIOS para adicionar o suporte.

Socket 370
O socket 370 utiliza a mesma pinagem do slot 1, a diferença é apenas o formato do encaixe. Este é o encaixe utilizado pelos processadores Celeron e Pentium III.

Mas, se o socket 370 e o slot 1, utilizado antigamente, possuem a mesma pinagem, porque afinal a Intel forçou a troca de um padrão pelo outro?

A resposta é que o slot 1 surgiu por causa do Pentium II, que por usar cache externo, era muito maior que os processadores anteriores, grande demais para ser encaixado em um socket. Como tanto o Celeron quanto as versões mais novas do Pentium III trazem cache L2 integrado ao núcleo do processador, utilizar um encaixe maior servia apenas para encarecer tanto os processadores quanto as placas mãe. A fim de cortar custos, voltaram a utilizar um socket.
Socket 370
Fisicamente, o socket 370 é parecido com o antigo socket 7, a diferença é que ele tem alguns pinos a mais. Apesar de serem parecidos, os dois encaixes são incompatíveis, não existe nenhum adaptador que permita encaixar um processador socket 7 numa placa socket 370 e vice-versa.
 
Este é o encaixe actual para processadores Intel, o que garante compatibilidade com todos os processadores Pentium III e Celeron atuais. Apenas as placas mãe socket 370 mais antigas são incompatíveis com os processadores Pentium III devido à falta de suporte eléctrico e em alguns casos a falta de suporte a bus de 100 MHz.

Em alguns casos esta limitação é corrigida com um upgrade de BIOS, como nas placas slot 1.

Slot A e Socket A
Tanto o Athlon quanto o Duron da AMD possuem algumas semelhanças com o Pentium II e Pentium III da Intel. Assim como o Pentium II e as primeiras versões do Pentium III, o Athlon original (o K7) vinha equipado com 512 KB de cache L2 externo, operando à metade da frequência do processador. A AMD optou então por utilizar um encaixe semelhante ao slot 1, o slot A.
Slot A
Veja-se que o formato do slot A é praticamente idêntico ao do slot 1. A única diferença visível é a posição do chanfro central, que no slot A está à esquerda. A diferença serve para impedir que alguém encaixe um Athlon numa placa mãe para Pentium III ou vice-versa, o que poderia danificar o processador.

Os Athlon em formato slot A foram vendidos durante alguns meses até serem abruptamente substituídos pelos Athlons com core Thunderbird, que trazem cache L2 integrado ao próprio processador. Tanto os Athlons Thunderbird, quanto o Duron, lançado pouco tempo depois, utilizam o encaixe socket A (ou socket 462).
Socket A
O socket A é parecido com o socket 370 utilizado pelos processadores Intel, mas possui mais pinos (462 ao todo), organizados de forma a impedir que o processador possa ser encaixado invertido.

No caso dos processadores AMD não existe tanta confusão quanto à compatibilidade. As placas slot A são compatíveis com todos os processadores Athlon slot A, e as placas socket A são compatíveis com todos os processadores Athlon e Duron socket A.

A única ressalva é que as versões mais actuais do Athlon utilizam bus de 133 MHz, contra os 100 MHz utilizados pelas placas antigas. Pode-se até instalar um Athlon de 1.33 GHz (bus de 133 MHz) numa placa mãe que suporte apenas 100 MHz, mas ele trabalhará a apenas 1.0 GHz.

As novas versões do Athlon, que incluem o Athlon MP e o Athlon XP precisam de algumas modificações no BIOS e na sinalização eléctrica da placa mãe, o que os torna incompatíveis com muitas placas antigas, apesar de um upgrade de BIOS resolver em alguns casos.

Socket 428 e Socket 478
Estes são os dois encaixes utilizados pelo Pentium 4. O socket 428 é o encaixe antigo, utilizado pelos processadores Pentium 4 com core Willamette, enquanto o socket 478 é utilizado pelo novos modelos, baseados no core Northwood.
Socket 428
Não é difícil diferenciar os dois encaixes, pois apesar de possuir mais pinos, o socket 478 é bem menor, quase do tamanho dos encaixes para processadores 386. O socket 428 por sua vez é um pouco maior do que um socket 370. 
Socket 478
Sockets antigos:
O socket 7 não se chama socket 7 por acaso. Antes dele existiram mais seis encaixes, destinados às placas de 486 e para a primeira geração de processadores Pentium. Não por acaso, estes sockets são chamados de socket 1, 2, 3, 4, 5 e 6. Conhecer um pouco mais sobre eles será útil para identificar estas placas antigas, que quase sempre já não terão manual. Veja quais processadores podem ser utilizados em cada socket:
 
Socket 1
Número de contactos: 169
Tensões suportadas: 5 volts
Quando foi utilizado: Primeiras placas para 486
Processadores suportados: 486SX, 486DX, 486DX-2 (não suporta o DX-4 nem o Pentium Overdrive)
Socket 1
Socket 2
Número de contactos: 238
Tensões suportadas: 5 volts
Quando foi utilizado: Primeiras placas para 486
Processadores suportados: 486SX, 486DX, 486DX2 e Pentium Overdrive (não suporta o DX-4)
Socket 2
Socket 3
Número de contactos: 237
Quando foi utilizado: A grande maioria das placas para 486
Processadores suportados: 486DX, 486SX, 486DX2, 486DX4, AMD 5x86, Cyrix 5x86 e Pentium Overdrive
Socket 3
Socket 4
Número de contactos: 273
Tensões suportadas: 5 volts
Quando foi utilizado: Primeira geração de processadores Pentium
Processadores suportados: Pentium de 60 e 66 MHz (não suporta processadores com multiplicador superior a 1x)
Socket 4
Socket 5
Número de contactos: 296
Tensões suportadas: 3.3 volts e 3.5 volts
Quando foi utilizado: Algumas placas para processadores Pentium antigas
Processadores suportados: Pentium de 75, 90, 100 e 133 MHz, Pentium MMX Overdrive (não suporta o Pentium de 60 e 66 MHz e o multiplicador vai apenas até 2x)
Socket 5
Socket 6
Número de contactos: 235
Tensões suportadas: 5 volts e 3.3 volts
Quando foi utilizado: Apesar de trazer algumas melhorias sobre o Socket 3, não chegou a ser utilizado, pois quando o padrão foi estabelecido os fabricantes já não tinham mais interesse em projectar novas placas para 486
Processadores suportados: 486SX,DX, DX-2, DX-4, Pentium Overdrive

in Manual de Hardware Completo
de Carlos E Marimoto

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