terça-feira, 5 de junho de 2012

Myotis myotis, Morcego-rato-grande

Taxonomia
Mammalia, Chiroptera, Vespertilionidae.
 
Tipo de ocorrência
Continente: Residente.
 
Classificação
Continente: VULNERÁVEL VU
Fundamentação: A espécie apresenta uma área de ocupação reduzida (inferior a 10 km2); admite-se um declínio continuado da qualidade do habitat e da área de ocupação.

Distribuição
Distribui-se pela Eurásia Ocidental a sul do Báltico, desde a Península Ibérica até à Ucrânia, Turquia, Israel, Líbano e Síria (Arlettaz et al. 1997). As populações do Norte de África parecem pertencer a uma espécie distinta (Castella  et al. 2000).

Em Portugal Continental é relativamente frequente nas regiões Norte e Centro.

Só esporadicamente surge no Algarve, onde parece não criar (Palmeirim et al. 1999). Foram encontrados crânios de indivíduos desta espécie na Ilha Graciosa, nos Açores (Palmeirim 1979), mas a sua actual presença neste arquipélago continua por confirmar (Rainho et al. 2002).

População
A população portuguesa é constituída por menos de 10.000 indivíduos agrupados, durante a época de criação, em menos de duas dezenas de colónias.

Após um declínio drástico entre os anos 50 e 70, as populações de morcego-rato-grande da Europa parecem ter estabilizado, embora em níveis bastante baixos (Stutz 1999). Em Espanha é considerada uma espécie relativamente abundante, ainda que esteja em declínio nalgumas regiões, tendo mesmo desaparecido de Ibiza (Blanco & González 1992). Durante as últimas décadas parece também ter ocorrido um ligeiro declínio em Portugal (Rodrigues et al. 2003).

Habitat
Cria quase exclusivamente em abrigos subterrâneos, mas parece utilizar também outro tipo de abrigos durante o Inverno (Palmeirim et al. 1999).

Caça em geral em zonas arborizadas, principalmente na ausência de coberto arbustivo (Arlettaz 1999).

Factores de Ameaça
O reduzido efectivo da espécie, associado à baixa fertilidade característica dos morcegos, torna-a particularmente frágil. Também o carácter colonial desta espécie, que se concentra num número reduzido de locais, aumenta a sua vulnerabilidade.

A destruição dos abrigos e a sua perturbação, em particular durante os períodos de criação e hibernação, têm-se revelado como as maiores ameaças às populações desta espécie.

A alteração de habitats de alimentação e o uso de pesticidas podem também ser graves, pois resultam na diminuição da diversidade e abundância de presas.

Medidas de Conservação
Recomenda-se a elaboração e implementação de um Plano de Acção para a conservação desta espécie, que compreenda a protecção legal dos abrigos e o encerramento das suas entradas nas épocas críticas do ano, bem como a gestão do habitat nas áreas envolventes aos seus principais abrigos, medidas para a racionalização do uso de pesticidas e a continuação do programa de monitorização das suas populações.

Deverão ainda ser realizadas acções de sensibilização de modo a diminuir a perturbação resultante da presença humana em cavidades subterrâneas.
in Livro Vermelho dos Vertebrados

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