Actinopterygii, Cypriniformes, Cyprinidae.
Tipo de ocorrência
Residente. Endémica da Península Ibérica.
Classificação
EM PERIGO . EN (B1ab(iii)+2ab(iii))
Fundamentação: Espécie com extensão de ocorrência e área de ocupação muito reduzidas, inferiores a 350 km2 e 150 km2, respectivamente. Verifica-se uma elevada fragmentação e admite-se que tem havido um declínio da área, extensão e qualidade do habitat.
Distribuição
O cumba encontra-se nas bacias hidrográficas do Tejo e Guadiana. Em Espanha há também citações para a bacia hidrográfica do Ebro e para a zona inferior da bacia hidrográfica do Guadalquivir, áreas de onde parece ter-se extinto (Doadrio 2001a).
Em Portugal, citações recentes para a bacia hidrográfica do Tejo registam a sua ocorrência apenas no rio principal e nas sub-bacias dos rios Sorraia, Ocreza, Ponsul e Erges (Collares-Pereira et al. 1995, Ferreira & Oliveira 2000, INAG 2000a), indicando uma fragmentação acentuada. Na bacia hidrográfica do Guadiana encontra-se no rio principal e principais sub-bacias (Collares-Pereira et al. 2000a, Tiago et al. 2001, Collares-Pereira et al. 2002a).
População
Calcula-se que o número de indivíduos maduros seja superior a 10.000 e que o seu efectivo possa ter sofrido uma redução inferior a 30% nos últimos 28 a 31 anos. Os efectivos desta espécie recolhidos na bacia hidrográfica do Guadiana (Collares-Pereira et al. 2000a, Tiago et al. 2001, Collares-Pereira et al. 2002a) revelaram um declínio continuado e uma flutuação de magnitude de quatro vezes, pelo que, devido às características desta bacia hidrográfica, há a possibilidade de ocorrerem flutuações acentuadas (de magnitude superior a dez vezes) no número de indivíduos maduros entre anos hidrológicos extremos. Apesar desta espécie ocorrer em albufeiras (Ferreira & Godinho 2002), poderá ainda verificar-se um declínio continuado do número de indivíduos maduros devido à redução ou degradação do habitat com a implementação do Empreendimento de Fins Múltiplos do Alqueva. A espécie é considerada escassa nas bacias onde ocorre (Doadrio & Perdices 1998, Tiago et al. 2001).
Habitat
Ocorre em rios ou ribeiras, permanentes ou intermitentes, geralmente em cursos de água de ordem elevada, em zonas mais profundas do que os outros barbos ibéricos, em especial os indivíduos de maiores dimensões (Godinho et al. 1997, Doadrio & Perdices 1998, Pires et al. 1999, Godinho et al. 2000, Filipe et al. 2004). Está também presente em albufeiras (Ferreira & Godinho 2002, Almaça & Banarescu 2003a). Supõe-se que esta espécie efectue migrações sazonais, tal como o barbo do Sul B. sclateri (Rodriguez-Ruiz & Granado-Lorencio 1992) e que para desovar necessite de águas com alguma velocidade de corrente, substrato de cascalho e sem ensombramento, tal como o barbo de Steindachner Barbus steindachneri e o barbo-de-cabeça-pequena Barbus microcephalus (Costa et al. 1988).
Factores de Ameaça
O principal factor de ameaça é a degradação do habitat, provocada sobretudo pela construção de barragens, alteração do regime natural de caudais, captação de água, extracção de inertes, degradação da qualidade da água e também a introdução de espécies não indígenas (Collares-Pereira et al. 2000a), a qual poderá ter efeitos a nível da competição, predação ou como via de disseminação de agentes patogénicos. É de realçar a redução e degradação generalizada do habitat na bacia hidrográfica do Guadiana, resultante da construção de diversas barragens (Odeleite, Enxoé, entre outras) e actualmente pela implementação do Empreendimento de Fins Múltiplos do Alqueva.
Medidas de Conservação
Esta espécie está abrangida pela legislação nacional e internacional de conservação. Vários locais da bacia hidrográfica do Guadiana foram designados para a lista nacional de sítios ao abrigo da Directiva Habitats devido à sua presença, entre outros valores, mas carecem ainda de medidas de ordenamento e gestão dirigidas à espécie. O cumba foi também abrangido nos estudos sobre a comunidade piscícola da bacia hidrográfica do Guadiana efectuados no projecto LIFE-Natureza dirigido para o saramugo Anaecypris hispanica (Collares-Pereira et al. 2000a) e sobre as medidas de Minimização e Monitorização para o Património Natural da Barragem do Alqueva (Tiago et al. 2001, Collares-Pereira et al. 2002a). Algumas acções de manutenção e conservação do habitat (nomeadamente na melhoria da qualidade da água e algum controlo das extracções de inertes) têm sido efectuadas mas necessitam ser reforçadas.
É necessária a recuperação das zonas mais degradadas e o controlo das espécies não-indígenas, medidas previstas nos Planos de Bacia Hidrográfica do Guadiana e do Tejo (INAG 1998, 2000a), no Plano de Gestão do Saramugo (Collares-Pereira et al. 2000b) e no estudo de Minimização e Monitorização para o Património Natural da Barragem do Alqueva (Tiago et al. 2001, Collares-Pereira et al. 2002a).
As medidas preconizadas na Directiva-Quadro da Água deverão atingir a melhoria permanente da qualidade dos habitats aquáticos. Devem ser minimizados os impactos de infra-estruturas hidráulicas implantadas ou a implantar, através do restabelecimento da conectividade entre populações e da manutenção dos caudais mínimos, especialmente durante a época estival. Em particular, devem ser evitadas ou controladas as captações de água durante esta época, nomeadamente nos pegos. Outras medidas necessárias são o controlo da extracção de inertes, a gestão sustentada da pesca e a melhoria da sua fiscalização e ainda a sensibilização do público para a conservação dos ecossistemas aquáticos. É necessário aumentar os conhecimentos sobre a biologia e ecologia desta espécie, monitorizar os seus efectivos populacionais (em particular nos rios principais) e a eficácia das medidas de conservação a implementar.
Notas
A identificação específica de alguns indivíduos deste género é por vezes dificultada por fenótipos intermédios que poderão ser resultantes de hibridação.
Outra bibliografia consultada
Almaça (1967,1984); Doadrio (1988); Kottelat (1997).
Tipo de ocorrência
Residente. Endémica da Península Ibérica.
Classificação
EM PERIGO . EN (B1ab(iii)+2ab(iii))
Fundamentação: Espécie com extensão de ocorrência e área de ocupação muito reduzidas, inferiores a 350 km2 e 150 km2, respectivamente. Verifica-se uma elevada fragmentação e admite-se que tem havido um declínio da área, extensão e qualidade do habitat.
Distribuição
O cumba encontra-se nas bacias hidrográficas do Tejo e Guadiana. Em Espanha há também citações para a bacia hidrográfica do Ebro e para a zona inferior da bacia hidrográfica do Guadalquivir, áreas de onde parece ter-se extinto (Doadrio 2001a).
Em Portugal, citações recentes para a bacia hidrográfica do Tejo registam a sua ocorrência apenas no rio principal e nas sub-bacias dos rios Sorraia, Ocreza, Ponsul e Erges (Collares-Pereira et al. 1995, Ferreira & Oliveira 2000, INAG 2000a), indicando uma fragmentação acentuada. Na bacia hidrográfica do Guadiana encontra-se no rio principal e principais sub-bacias (Collares-Pereira et al. 2000a, Tiago et al. 2001, Collares-Pereira et al. 2002a).
População
Calcula-se que o número de indivíduos maduros seja superior a 10.000 e que o seu efectivo possa ter sofrido uma redução inferior a 30% nos últimos 28 a 31 anos. Os efectivos desta espécie recolhidos na bacia hidrográfica do Guadiana (Collares-Pereira et al. 2000a, Tiago et al. 2001, Collares-Pereira et al. 2002a) revelaram um declínio continuado e uma flutuação de magnitude de quatro vezes, pelo que, devido às características desta bacia hidrográfica, há a possibilidade de ocorrerem flutuações acentuadas (de magnitude superior a dez vezes) no número de indivíduos maduros entre anos hidrológicos extremos. Apesar desta espécie ocorrer em albufeiras (Ferreira & Godinho 2002), poderá ainda verificar-se um declínio continuado do número de indivíduos maduros devido à redução ou degradação do habitat com a implementação do Empreendimento de Fins Múltiplos do Alqueva. A espécie é considerada escassa nas bacias onde ocorre (Doadrio & Perdices 1998, Tiago et al. 2001).
Habitat
Ocorre em rios ou ribeiras, permanentes ou intermitentes, geralmente em cursos de água de ordem elevada, em zonas mais profundas do que os outros barbos ibéricos, em especial os indivíduos de maiores dimensões (Godinho et al. 1997, Doadrio & Perdices 1998, Pires et al. 1999, Godinho et al. 2000, Filipe et al. 2004). Está também presente em albufeiras (Ferreira & Godinho 2002, Almaça & Banarescu 2003a). Supõe-se que esta espécie efectue migrações sazonais, tal como o barbo do Sul B. sclateri (Rodriguez-Ruiz & Granado-Lorencio 1992) e que para desovar necessite de águas com alguma velocidade de corrente, substrato de cascalho e sem ensombramento, tal como o barbo de Steindachner Barbus steindachneri e o barbo-de-cabeça-pequena Barbus microcephalus (Costa et al. 1988).
Factores de Ameaça
O principal factor de ameaça é a degradação do habitat, provocada sobretudo pela construção de barragens, alteração do regime natural de caudais, captação de água, extracção de inertes, degradação da qualidade da água e também a introdução de espécies não indígenas (Collares-Pereira et al. 2000a), a qual poderá ter efeitos a nível da competição, predação ou como via de disseminação de agentes patogénicos. É de realçar a redução e degradação generalizada do habitat na bacia hidrográfica do Guadiana, resultante da construção de diversas barragens (Odeleite, Enxoé, entre outras) e actualmente pela implementação do Empreendimento de Fins Múltiplos do Alqueva.
Medidas de Conservação
Esta espécie está abrangida pela legislação nacional e internacional de conservação. Vários locais da bacia hidrográfica do Guadiana foram designados para a lista nacional de sítios ao abrigo da Directiva Habitats devido à sua presença, entre outros valores, mas carecem ainda de medidas de ordenamento e gestão dirigidas à espécie. O cumba foi também abrangido nos estudos sobre a comunidade piscícola da bacia hidrográfica do Guadiana efectuados no projecto LIFE-Natureza dirigido para o saramugo Anaecypris hispanica (Collares-Pereira et al. 2000a) e sobre as medidas de Minimização e Monitorização para o Património Natural da Barragem do Alqueva (Tiago et al. 2001, Collares-Pereira et al. 2002a). Algumas acções de manutenção e conservação do habitat (nomeadamente na melhoria da qualidade da água e algum controlo das extracções de inertes) têm sido efectuadas mas necessitam ser reforçadas.
É necessária a recuperação das zonas mais degradadas e o controlo das espécies não-indígenas, medidas previstas nos Planos de Bacia Hidrográfica do Guadiana e do Tejo (INAG 1998, 2000a), no Plano de Gestão do Saramugo (Collares-Pereira et al. 2000b) e no estudo de Minimização e Monitorização para o Património Natural da Barragem do Alqueva (Tiago et al. 2001, Collares-Pereira et al. 2002a).
As medidas preconizadas na Directiva-Quadro da Água deverão atingir a melhoria permanente da qualidade dos habitats aquáticos. Devem ser minimizados os impactos de infra-estruturas hidráulicas implantadas ou a implantar, através do restabelecimento da conectividade entre populações e da manutenção dos caudais mínimos, especialmente durante a época estival. Em particular, devem ser evitadas ou controladas as captações de água durante esta época, nomeadamente nos pegos. Outras medidas necessárias são o controlo da extracção de inertes, a gestão sustentada da pesca e a melhoria da sua fiscalização e ainda a sensibilização do público para a conservação dos ecossistemas aquáticos. É necessário aumentar os conhecimentos sobre a biologia e ecologia desta espécie, monitorizar os seus efectivos populacionais (em particular nos rios principais) e a eficácia das medidas de conservação a implementar.
Notas
A identificação específica de alguns indivíduos deste género é por vezes dificultada por fenótipos intermédios que poderão ser resultantes de hibridação.
Outra bibliografia consultada
Almaça (1967,1984); Doadrio (1988); Kottelat (1997).
in Livro Vermelho dos Vertebrados
Sem comentários:
Enviar um comentário