terça-feira, 19 de outubro de 2010

Coronella austriaca, Cobra-lisa-europeia

Taxonomia
Reptilia, Serpentes, Colubridae.

Tipo de ocorrência
Residente.

Classificação
VULNERÁVEL . VU (B1ab(i,ii,iii,iv,v) + 2ab(i,ii,iii,iv,v))
Fundamentação: Espécie com extensão de ocorrência e área de ocupação inferiores a 20.000 e 2.000 km2, respectivamente. Admite-se que apresente fragmentação elevada e declínio continuado da extensão de ocorrência, da área de ocupação, da qualidade dos habitats, do número de localizações e do número de indivíduos maduros.

Distribuição
Distribui-se pela Europa, ocorrendo em Portugal, Espanha, França, Inglaterra, Luxemburgo, Bélgica, Holanda, Dinamarca, Noruega, Suécia, Alemanha, Polónia, Itália, Suíça, ex-URSS e Balcãs, e pelo Ocidente Asiático (Gasc et al. 1997).

Em Portugal, ocorre em núcleos isolados, dispersos sobretudo pelas regiões montanhosas do Centro e Norte (Minho, Trás-os-Montes, Douro Litoral e Beiras), ocupando cerca de 3% do território nacional (Godinho et al. 1999, Ferrand de Almeida et al. 2001).

População
Na Península Ibérica, as populações da cobra-lisa-europeia encontram-se isoladas, em maior ou menor grau, em enclaves montanhosos, provavelmente com efectivos reduzidos, excepto no extremo setentrional da Península (Galán 1997a, 2002).

Em Portugal não existem estimativas publicadas sobre a densidade populacional desta espécie. Contudo, de acordo com a informação disponível (J Brito, com. pess.), no reduzido número de localizações situadas a sul do rio Douro, as populações são de pequenas efectivos.

Habitat
Ocorre em zonas montanhosas, em locais frescos e húmidos, principalmente em áreas de matos com rochedos e orlas de bosques, embora possa ocorrer em outros tipos de habitats desde o nível do mar até aos 1.575 m (na Serra da Estrela) (Galán 1997a, 1999, Ferrand de Almeida et al. 2001).

Factores de Ameaça
A perda, fragmentação e degradação do habitat por acção antropogénica é fundamentalmente devida à actividade agrícola, à implantação de infra-estruturas, nomeadamente a construção de habitações de forma desordenada, e aos fogos (Galán 1999, 2002).

Os atropelamentos e a perseguição directa em virtude de aversão ou de crenças populares constituem factores de ameaça também relevantes (Galán 1997a, 1999, 2002).

Adicionalmente, a espécie possui uma elevada especialização trófica e uma frequência de reprodução presumivelmente bienal (Galán 1997a), o que condiciona a recuperação das suas populações nos habitats que tenham sido fortemente alterados. A cobra-lisa-europeia apresenta ainda áreas vitais de reduzidas dimensões (0,45 a 2,33 ha) (Goddard 1980) e, tal como a maioria dos répteis, mobilidade reduzida, o que dificulta a colonização de novos habitats favoráveis mesmo que estes se encontrem a curta/média distância, o que a torna bastante vulnerável a alterações e reduções nos seus habitats.

O reduzido número de localizações a sul do rio Douro contribui para a vulnerabilidade destas populações a qualquer tipo de alteração que se produza nos seus habitats.

Medidas de Conservação
As medidas de conservação devem incidir na manutenção dos seus habitats, sendo considerado particularmente importante: (i) empreender acções mais eficazes na prevenção dos incêndios florestais; (ii) conservar as áreas florestais autóctones, incentivando o corte equilibrado de madeiras nas florestas, dado esta prática levar à criação de locais propícios para a termorregulação destes animais e constituir uma medida de prevenção dos incêndios florestais e ainda (iii) conservar os habitats de montanha.

São igualmente relevantes as iniciativas de educação a nível escolar, bem como campanhas de sensibilização, tentando particularmente desmistificar a sua perigosidade.

Deve-se igualmente investir em acções de investigação dirigidas para a determinação mais rigorosa da área de distribuição e dos efectivos populacionais, incidindo principalmente nos núcleos aparentemente de pequenas dimensões das serras do Caramulo e da Gardunha e no Douro Litoral (Espinho).

Outra bibliografia consultada
Valverde (1967); Spellerberg & Phelps (1977); Spellerberg (1982); Goddard (1984); Galan & Fernandez-Arias (1993); Luiselli et al. (1996).

in Livro Vermelho dos Vertebrados

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