sábado, 31 de dezembro de 2011

Esconderijo

Para fotografar aves selvagens deverá manter-se o mais discreto possível, de forma a que a sua presença não assuste e afugente os animais. Escolha locais isolados onde possa esconder-se a si e ao equipamento. Use roupa resistente e impermeável, ou uma base onde possa deitar-se, utilize estruturas construídas no local ou leve uma tenda camuflada, própria para a fotografia de vida selvagem.
Se quer ser compensado com fotos como esta, terá de cultivar a paciência. Tente ficar próximo dos assuntos para obter planos fechados, em vez de reenquadrar a imagem na fase de edição.
Esta foto de perfil revela o efeito que pode obter quando utiliza uma abertura ampla numa teleobjectiva. O tempo nublado e a luz difusa ajudaram a realçar a cor e os detalhes das penas.
in O Mundo da Fotografia Digital - Junho 2010

sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

PowerNow!

O PowerNow! foi originalmente implantado nos processadores K6-2 e K6-3 destinados a notebooks. É um recurso de economia de energia, que permite alternar a frequência de operação do processador conforme o nível de utilização.
Ao digitar um texto no Word, a frequência do processador cai para 200, 150 MHz, ao assistir um filme em DVD, a frequência aumenta instantaneamente para 400, 500 MHz, o quanto for necessário, enquanto ao rodar uma aplicação que use toda a potência do processador, ao compactar um vídeo por exemplo, ele automaticamente passa a trabalhar na potência máxima.
As mudanças são feitas em questão de nanossegundos, sendo completamente transparentes. Este é um recurso bastante útil para economizar energia, mas que é usado apenas nos Athlons Palomino destinados a notebooks, que são vendidos como “Athlon 4”, um marketing que visa mostrá-lo como superior ao mobile Pentium III, seu concorrente directo.
O PowerNow! ofereceria uma protecção térmica muito melhor que a do diodo térmico que equipa os Palominos para computadores de mesa, finalmente evitando que os processadores se  possam queimar se ligados sem cooler. Infelizmente, a AMD não teve esta ideia.
in Manual de Hardware Completo
de Carlos E Marimoto

quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Os Scouts Católicos

Onze anos após a criação do primeiro grupo de escoteiros em Lisboa, o Arcebispo Primaz de Braga, D. Manuel Vieira de Matos, regressado do Congresso Eucarístico Internacional em Roma, tomou a iniciativa de fundar, com o apoio de vários leigos, um colectivo de boy-scouts católicos. A criação de patrulhas e grupos de escuteiros de uma só confissão religiosa iniciou-se pouco após os primeiros passos de experimentação e divulgação do escutismo, havendo no tocante ao escutismo católico “aval” do próprio general Baden-Powell 80, através da aprovação pública e recomendação da obra Le Scoutisme, escrita em 1922 pelo padre Sevin. Nessa obra, o sacerdote jesuíta encarregou-se de adicionar ao método powelliano uma espiritualidade assente no naturalismo tomista e na doutrina social da igreja, após nove anos de estudo e o expresso encorajamento do Papa Bento XV (1917). As associações decorrentes desta especialização escutista tiveram precedentes em Inglaterra (por impulso do Cardeal Bourne, c.1910) e na Bélgica (desde 1912), mas atingiram a sua maior expressão em França (desde 1914) e Itália (desde 1916).
Ocupando a sé durante o período da ditadura de Pimenta de Castro, em Outubro de 1914, Vieira de Matos dedicou-se (no seguimento do trabalho por si encetado anteriormente, na Guarda) à dinamização global da vida espiritual diocesana. A preocupação da Igreja Católica portuguesa com novos espaços e formas de sociabilidade, sobretudo a infantil e juvenil, datava de finais do século XIX – a sua fórmula associativa era genericamente conhecida por “Mocidade Católica” – agudizando-se com o agravamento do anti-clericalismo político registado no início do século XX. Neste contexto, em Braga, milenar e simbólico pólo católico, o arcebispo procedeu à reanimação da catequese, reorganizou os seminários locais e reiniciou o processo de mobilização dos leigos.
Durante a primeira reunião, em 24 de Maio de 1923, no N° 20 da Praça do Município, os onze envolvidos no projecto analisaram a hipótese de criação de um colectivo dependente ou independente das duas associações escutistas já existentes. Destaca-se da lista de presentes Franklin de Oliveira, anteriormente ligado à AEP, o mais vincado detractor de uma eventual fusão com a UAP. Escolhida a fórmula de um Corpo de Scouts Católicos Portugueses (CSCP) independente, foi delineado o seu futuro corpo estatutário; tanto a existência dos scouts católicos como os seus estatutos foram aprovados em alvará local pelo Governador Civil do distrito, apenas três dias depois.
A publicação da Portaria Nº 3824, do Ministério do Interior, a 26 de Novembro desse mesmo ano, enunciava a explicitamente o desejo de expansão do escutismo católico a todo o território português, mediante posterior aprovação estatutária. Num ambiente político de animosidade anti-eclesiástica, a recém-nascida personalidade jurídica do CSCP contou desde 1923, e mais intensamente desde a publicação do Decreto Nº 9729, de 26 de Maio do seguinte ano, com oposição declarada. Protagonizou-a no Senado da República Joaquim Pereira Osório, violentamente crítico da legalização de uma associação de católicos em que havia «eclesiásticos vestidos de escoteiros à frente dessa mocidade» com «fins tenebrosos» e o fito de «chamar a si a mocidade para a acorrentar à Igreja» 86, multiplicando «sucursais [sic] em Viseu, Vila Real e Braga». Em 1924, poucos dias depois da aprovação do Decreto Nº 9729, Pereira Osório, secundado por Álvaro Bulhão Pato, voltava a alegar a ilegalidade do CSCP, obra do «Arcebispo de Braga, reaccionário conhecido de todos». Apontava responsabilidades ao Ministro do Interior (Sá Cardoso), por ser já a associação «um adulto completamente desenvolvido». O Ministro explicou-se na Câmara, afirmando ter errado ao aprovar o requerimento feito pelo deputado Lino Neto. Desta questão resultou o Decreto Nº 9791, que anulou o Nº 9729. Apenas em Fevereiro de 1925, com o Decreto Nº 10589, assinado por Santos Ribeiro, o rebaptizado Corpo Nacional de Scouts (CNS) pôde voltar a existir oficialmente. Ao anterior estatuto e orgânica do CSCP foi extirpado o carácter confessional mais flagrante, não se encontrando consagrada qualquer menção directa ao catolicismo CNS. A título de exemplo, deixou de estar explícita a obrigatoriedade de professar o catolicismo, as Juntas Diocesanas passaram a designar-se Juntas Regionais, e é erradicado o artigo que colocava os scouts sob a autoridade da Santa Sé. Organizado em grupos, podia comportar diferentes secções etárias, como por exemplo uma Alcateia (grupo de lobitos) e um Clã (grupo de seniores). Segundo o diploma, os filiados começavam o seu percurso como scouts-aspirantes, a que se sucediam as provas de 3ª classe, 2ª classe, 1ª classe, e, em caso de excelência, provas para Cavaleiro da Pátria.
Logo no Verão de 1925, um grupo de quinze scouts peregrinou a Roma, por ocasião de um encontro internacional de scouts católicos, sendo a comitiva portuguesa recebida em audiência Papa Pio Xl. As palavras de encorajamento pelo progresso do escutismo católico encerravam o apoio da Santa Sé a esta e outras iniciativas de reapropriação do espaço anteriormente detido pela Igreja na sociedade portuguesa, ao mesmo tempo que dissipavam a reticência que alguns sectores do clero, mais tradicionalistas, manifestavam acerca da adopção de um método de raiz protestante. O CSCP/CNS foi sobretudo, no primeiro tempo do escutismo católico nacional, obra de Monsenhor António Avelino Gonçalves. Formado na Universidade Gregoriana, em Roma, em Filosofia e Teologia, aí foi ordenado diácono em Dezembro de 1917, e presbítero em Março 1918. A sua familiarização e documentação a propósito de tal método pedagógico, do modelo Sevin, e do movimento juvenil internacional terão sido adquiridas durante a formação na Universidade Gregoriana, e na capital italiana terá tido oportunidade de testemunhar o desenvolvimento da associação congénere.
A crónica fundacional do escutismo católico transmite a ideia de uma dupla paternidade, tanto por parte de D. Manuel Vieira de Matos, quanto de Avelino Gonçalves. Trata-se, em nosso entender, de uma velada analogia em relação à dupla Cornette / Sevin, fundadora dos Scouts de France. Tal como o cónego Cornette, possuidor de um maior capital de prestígio, D. Manuel aparece-nos descrito como o promotor da associação no seio da hierarquia católica e junto do poder civil. Qual padre Jacques Sevin, monsenhor Avelino é caracterizado como o jovem estruturador e impulsionador prático do projecto.
O desenvolvimento desta associação apoiou-se na rede paroquial e diocesana, secularmente instituída no território, pelo que, do norte para sul e do litoral para o interior, este escutismo se disseminou por todo o território, incluindo o insular e ultramarino. Durante os primeiros três anos a grande vitalidade ocorreu nas regiões de Braga, Porto e Leiria 91, e só a partir de 1926 se estendeu a Coimbra e Lisboa. Depois de cinco anos de actividade, em Março de 1928, e após algumas reuniões preliminares, o CNS firmou com a AEP um pacto com vista à constituição da Federação Escutista de Portugal (FEP), facto que permitiu o reconhecimento do CNS pelo Bureau Mundial do Escutismo. Em 21 Setembro, a Santa Sé acedeu ao pedido dos directores do escutismo católico português, concedendo autorização para celebrar missa em campo quando acompanhavam os scouts em actividade; binassem missa quando, como párocos ou capelães, estavam obrigados a celebrar nas suas igrejas; confessassem jovens escuteiros de uma diocese que não a sua. Esta prerrogativa mostrava por parte da Santa Sé o início de uma política de fundo que visava a aposta no método escutista como meio ideal de captação e manutenção de jovens na órbita do catolicismo, e precedeu atribuição semelhante concedida ao Scouts de France, congénere francesa.
Para a Organização Escotista de Portugal (OEP), criada pelo Decreto Nº 21434, de Julho de 1932, Gustavo Cordeiro Ramos, Ministro da Instrução Pública, nomeou seu delegado e presidente Vítor Manuel Braga Paixão. Até Agosto de 1936 este procurou homogeneizar ao máximo a instrução e actividades do escutismo português, que se traduziu num conjunto de alterações estatutárias e regulamentares, na equivalência de provas no sistema de progresso (3ª, 2ª, 1ª Classe e Cavaleiro da Pátria) e na distinção clara entre distintivos e uniformes.
A demonstração de vitalidade quantitativa do CNS prosseguiu no seu órgão oficial: mercê da criação de um Secretariado de Estatística, em Fevereiro de 1939, publicou-se informação coligida desde a fundação da associação. Demonstrava-se que, até ao início de 1940, 16261 indivíduos (dos quais 1008 escutas seniores, 9862 juniores, 53 marítimos, 4199 lobitos e 1319 dirigentes) haviam passado pelas fileiras do Corpo Nacional de Escutas (CNE), designação associativa naturalizada.
A mais difícil etapa de sobrevivência do CNE correspondeu, como verificado em relação à AEP e AGP, ao período compreendido entre 1936 e 1942. O marco inicial coincidiu com a transformação, por obra do ministro António Carneiro Pacheco, do Ministério da Instrução Pública (MIP) em Ministério da Educação Nacional (MEN), pólo essencial de doutrinação do regime; coincidiu também com deflagrar da Guerra Civil de Espanha, indissociável de um momento de recrudescimento fascizante no regime português. Aquando da extinção da OEP, as associações voltaram a regular-se pelos seus decretos fundadores, vivendo até 1942 numa situação de extrema pressão no sentido da dissolução; ainda assim, em termos quantitativos, o pico do efectivo nacional escutista conhecido entre 1911 e 1942 verificou-se em 1936, estando filiados nas três associações existentes (escoteiros, escutas e guias) 8000 escuteiros. 
A estratégia do MEN em relação ao CNE foi, pela sua especificidade, bem menos simples que a utilizada nos casos da AEP e AGP. O Cardeal Patriarca de Lisboa, Manuel Gonçalves Cerejeira, foi por iniciativa do próprio ministro contactado no intuito de intervir positivamente no “fechar de portas” dos escutas, visando Carneiro Pacheco efectivar a «educação controlada integralmente pelo Estado Novo». Aquele eclesiástico não se mostrou de todo receptivo, defendendo de forma clara a especificidade e mais valia do trabalho dos escutas em relação à MP, à qual afirmava não dar «a sua absoluta confiança». Em 1938, esclarecendo a sua posição, Cerejeira endereçou ao ministro uma carta datada, significativamente, do dia de comemoração dos 33 anos do CNS. Recusava a participação numa concentração da MP e manifestava desagrado pelo convite da dirigentes da HitlerJugend. Numa outra missiva, em data imprecisa do Verão desse ano, o Cardeal louvava a obra de cristianização do ensino oficial português, mas recusava o pedido feito. Terá sido na sequência desta resposta que o ministro oficiosamente comunicou a Oliveira Salazar, em carta não datada, a inconveniência de «se ir para uma forma totalitária», sendo preferível uma «fórmula de independência vigiada». Para além da proibição de existência de qualquer associação escutista nas colónias portuguesas, pelo Decreto Nº 29453, de Fevereiro de 1939 (que a Igreja contornou a partir do seguinte ano, com base na Concordata e Acordo Missionário), eram ainda lembrados em 1989, a propósito dos 65 anos do CNE, os tempos em que o reitor do Liceu de Braga, Chefe Nacional Adjunto da associação, recusou o cargo de dirigente na MP, sendo em consequência colocado em espaço ultramarino, bem como o despedimento do chefe Nazaré (José Manuel Nazaré Silva?), dirigente da Junta Regional de Lisboa e funcionário do Ministério das Obras Públicas, na sequência da detenção por recusa de instrução à juventude estatal.
Não obstante, o CNE continuou a sua actividade, seguindo o mote dado nos editoriais d’ A Flor de Lis entre 1937 e 1938, de que é exemplo o da edição 14 de Maio de 1938, intitulado “O Escutismo Não Morrerá”. Em Março de 1942, a MP ganhou a tutela formal sobre todo o escutismo português: o Decreto Nº 31908 conferiu à MP o poder de aprovação de novos estatutos, onde ficaram firmados poderes de inspecção aleatória a qualquer grupo de escuteiros, bem como de irradiação de elementos considerados indesejáveis pelos graduados da organização estatal.
in LUSITÂNIA SACRA XVI
A INTRODUÇÃO DO ESCUTISMO EM PORTUGAL
 de ANA CLÁUDIA S. D. VICENTE

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Monumento Megalítico do Lousal

Sítio científico. Monumento megalítico mostrando influências da civilização almeriense, repetindo a planimetria dos túmulos de Alcalar: um grande nicho ligado a um sepulcro com características dolménicas.
DESCRIÇÃO
Planta longitudinal composta por galeria, rectangular, cripta principal poligonal e cripta secundária ou grande nicho, elíptica, separada da cripta principal por passagem com septos, orientado segundo um eixo E. / O., com entrada a E.. Galeria marcada por 5 esteios, 2 de um lado, 3 do outro, um deles de grandes dimensões; cripta principal com 8 esteios, o maior com c. de 2 m. de altura; cripta secundária formada por 9 esteios mais baixos.
ÉPOCA CONSTRUÇÃO
Eneolítico, c. 2000 a.C.

CRONOLOGIA
c. 2000 a.C. - construção - ocupação até c. 1700 a.C. (calcolítico) - povo metalúrgico estabelecido na zona mineira.

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Squalius aradensis, Escalo do Arade

Taxonomia
Actinopterygii, Cypriniformes, Cyprinidae.
 
Tipo de ocorrência
Residente. Endémica do Continente (Bacias do Sudoeste).
 
Classificação
CRITICAMENTE EM PERIGO - CR (B1ab(ii,iii,iv)c(iv))
Fundamentação: Espécie com extensão de ocorrência extremamente reduzida (cerca de 15 km2). Apresenta fragmentação elevada. Admite-se um declínio continuado na área de ocupação, na área, extensão e qualidade do habitat e no número de localizações. Existe ainda uma forte possibilidade de ocorrerem flutuações acentuadas no número de indivíduos maduros.
 
Distribuição
A espécie está restrita a pequenas bacias em Portugal. Ocorre na bacia hidrográfica do Arade, onde se situa o maior núcleo populacional (Coelho  et  al. 1998) e em mais quatro pequenas bacias hidrográficas no Algarve: ribeiras da Quarteira, de Seixe, de Aljezur e do Alvor (Magalhães & Collares-Pereira 1999, Mesquita & Coelho 2002).
 
População
Calcula-se que o número de indivíduos maduros seja superior a 10.000. Apesar de não existirem séries de dados temporais, há indícios da redução da população no passado devido à construção das barragens do Funcho e Arade e à proliferação de espécies não indígenas, uma vez que a espécie está ausente em quase toda a extensão do rio Arade. A construção da barragem de Odelouca e a consequente redução e degradação do habitat resultarão provavelmente na redução acentuada do número de indivíduos maduros que poderá atingir valores até aos 50%. É provável que o escalo do Arade apresente flutuações acentuadas (de magnitude de dez vezes) entre anos hidrológicos extremos, tendo em consideração as flutuações observadas em espécies próximas do ponto de vista evolutivo e ecológico em rios com regimes hidrológicos análogos, nomeadamente o escalo do sul Squalius pyrenaicus na bacia hidrográfica do Guadiana (Collares-Pereira et al. 2000a, Tiago et al. 2001, Collares-Pereira et al. 2002a) e o escalo do Mira S. torgalensis na bacia hidrográfica do Mira (Magalhães 2002).

Habitat
Ocorre preferencialmente em rios e ribeiros intermitentes, com velocidade de corrente moderada e substrato de elevada granulometria (Pires et al. 2004). O escalo do Arade não foi capturado nas albufeiras do Funcho e Arade (COBA 1997).

Factores de Ameaça
A bacia hidrográfica do Arade, onde se localiza o mais importante núcleo populacional da espécie, está muito intervencionada, possuindo duas barragens, Arade e Funcho, que terão causado a perda de uma parte considerável da área de ocupação. Tendo em consideração que está em construção uma terceira, a barragem de Odelouca, prevê-se que a área adequada à espécie venha a registar uma redução drástica. É provável que a ausência da espécie em quase toda a extensão do rio Arade seja uma consequência da construção das barragens, devido à alteração do regime hidrológico natural e à proliferação de espécies não-indígenas (Pires et al. 2004). A introdução destas espécies não-indígenas poderá ter efeitos a nível da competição, predação ou como via de disseminação de agentes patogénicos. Outras causas de degradação do habitat são a extracção de inertes, a captação de água e a degradação da qualidade da água.

Medidas de Conservação
Esta espécie está abrangida pela legislação nacional e internacional de conservação. O escalo do Arade foi incluído nos estudos sobre a ictiofauna dulciaquícola do Sudoeste de Portugal (Magalhães & Collares-Pereira 1999). Para além de medidas gerais de melhoria da qualidade da água, nunca foram implementadas acções dirigidas à conservação desta espécie.

As áreas onde a espécie ainda ocorre deverão ser alvo de medidas urgentes de conservação e recuperação dos habitats aquáticos. A execução das medidas previstas no Plano de Bacia Hidrográfica das ribeiras do Algarve (INAG 2000b) e das medidas preconizadas na Directiva-Quadro da Água deverão atingir a melhoria permanente da qualidade dos habitats aquáticos. Para esta espécie, descrita recentemente, existe alguma informação sobre a sua distribuição actual, morfologia e genética mas quase não existem estudos sobre a sua distribuição passada, biologia e ecologia. É também necessário monitorizar os seus efectivos populacionais e conhecer melhor os mecanismos que actuam na redução de efectivos de modo a poder propor as medidas de conservação mais adequadas. A sensibilização do  público  para  a  conservação  dos  ecossistemas  aquáticos  necessita  também de ser impulsionada.
 in Livro Vermelho dos Vertebrados

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Maruzen Walther P99 Modelo do 125º Aniversário (Licenciado pela Umarex / Walther)

Marca Maruzen
Código do Produto MRZ-4992487990355
Hop-Up Ajustável
Peso 682 g
Comprimento 174.0 mm
Capacidade 24+1 bb's
Potência 252.0 fps
Fonte de energia HFC134a
Blowback Sim
Modo de tiro Semi
 
Pelo 125º aniversário da Walther (1886-2011) a Maruzen lançou a versão comemorativa da P99 com marcas totalmente licenciadas. O que torna esta versão do 125º aniversário especial é o tratamento culatra em ABS que tem o aspecto de metal tratado! O cano externo é feito de metal e também tem magníficas marcas. Incluídas com as marcas standard está a especial "Her Majesty's Secret Intelligence Service" para os fans do Bond. Uma peça muito especial para jogadores e coleccionadores!
 
Características incluídas:
  • Culatra especialmente tratada e marcada em ABS
  • Cano externo em metal
  • Punho ergonómico realístico em polímero
  • Rail adicional (adaptador não incluído)
  • Gatilho de dupla acção com indicador de pino traseiro realístico
  • Libertador de carregador ambidextro
  • Anilha para correia no punho da pistola
  • Mira traseira ajustável lateralmente
  • Dots de alta visibilidade nas miras frontais e traseiras
  • Totalmente desmontável
  • Hop up ajustável com chave sextavada incluída
  • Stop da culatra, libertador do carregador e botão de desmontagem em metal
  • Guarda-mato alargado para uso com luvas
  • Carregador em metal negro com marcas na base e laterais
in Redwolf Airsoft

sábado, 24 de dezembro de 2011

Como... Fotografar Aves

De norte a sul do país, são muitas as espécies de aves que povoam os céus e as águas nesta altura do ano. Aprenda connosco a arte de fotografá-las no seu habitat natural.

Entre os muitos estuários, parques naturais, jardins e zonas costeiras, nesta altura do ano é possível encontrar uma enorme variedade de espécies de aves em todo o território nacional. Desde o singelo pisco-de-peito-azul ou chapim-de-mascarilha a aves mais exóticas, como flamingos, graças e cegonhas, não faltarão motivos fantásticos para apontar a sua objectiva e explorar esta vertente de fotografia.

Saiba que equipamento utilizar e descubra as técnicas e dicas que farão a sua fotografia de aves voar mais alto.
Fotografar de frente, com uma grande abertura, por exemplo de f/4, permitiu focar os olhos do pato, deixando a ponta do bico e os padrões das suas penas fora de foco. Esta abertura suavizou ainda o plano de fundo, centrando a atenção na ave.

Começar
 
Uma distância focal de 400 mm deverá ser o suficiente para fotografar aves. Contudo, por vezes, terá de aproximar-se bastante dos animais - até à distância mínima de focagem.
 
Para se começar a familiarizar com objectivas tão grandes e pesadas, comece por fotografar algumas aves que se desloquem pouco e em movimentos mais lentos, como por exemplo patos.
 
Quando fotografa aves de tão perto, com uma objectiva longa, é crucial focar com precisão  - independentemente do enquadramento, fixe o ponto de foco nos olhos.
in O Mundo da Fotografia Digital - Junho 2010

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Data Prefetch e o aumento dos endereços no TLB

O Data Prefetch é um recurso que permite carregar os dados de que o processador precisará para concluir suas próximas instruções. Mesmo operando na mesma frequência do processador, existe sempre alguma perda de tempo ao se aceder ao cache L1, o Data Prefetch diminui o número de acessos necessários, permitindo um pequeno ganho de desempenho.
Outro pequeno avanço é um aumento nos endereços disponíveis no TLB (Translation Lookaside Buffer). O TLB é uma pequena área de memória que armazena os endereços necessários para que o processador possa procurar dados na memória RAM, caso os mesmos não sejam encontrados nos caches. 

O processador não tem como armazenar directamente todos os endereços da memória RAM, pois são realmente muitos. Ao invés disso, são armazenados apenas os mais usados.
O problema é quando o processador precisa aceder a um dado qualquer na memória RAM, cujo endereço não está carregado no TLB. Perde-se uma verdadeira eternidade, pois primeiro será preciso carregar o endereço, para só depois fazer o já lento acesso à memória.

O aumento no número de endereços disponíveis no TLB diminui a possibilidade destas "tragédias", permitindo mais um pequeno ganho de desempenho.

in Manual de Hardware Completo
de Carlos E Marimoto

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

A União dos Adueiros de Portugal

Seis meses após a fundação da AEP, foi criada pelo Capitão Artur Barros Basto a União dos Adueiros de Portugal (UAP). Segundo a sua biografia 68, este militar havia em 1908 ingressado na Escola Politécnica, optando, um ano mais tarde, pela Escola do Exército, no Curso Geral de Cavalaria e Infantaria. Entre essa data e a implantação da República tomou parte nos movimentos de contestação e subversão em curso e afirmou-se ideologicamente anticlerical e socialista, tendo também sido iniciado e na Respeitável Loja Capitular Montanha do Grande Oriente Lusitano, em 1910.
Republicano convicto, destacou-se nesse mesmo período pelos seus predicados de instrutor castrense.

O alferes concebeu em Outubro de 1913 uma versão particular do boy-scouting, adaptada às características que identificava na juventude portuguesa. De acordo com A Flor de Lis, e sem outra informação que o corrobore, os principais dirigentes que fundaram a UAP teriam entrado em ruptura com os Escoteiros de Portugal pouco depois da criação da associação, preferindo trabalhar com base na adaptação de Barros Basto. Este destacou-se na sociedade do seu tempo não só como fundador dos adueiros, mas sobretudo, alguns anos mais tarde, por aquela que considerou a missão da sua vida, a “obra do resgate” dos cripto-judeus portugueses.
Naquela que se tornou a cidade-sede da associação, o Porto, apresentou-se publicamente a 27 de Abril de 1914, no Teatro Apolo Terrasse, o Grupo Nº 1 de Adueiros. Nascido no seio da Sociedade Nº 17 de Instrução Militar Preparatória, instituição oficializada no início do regime republicano com vista à preparação castrense de todo o mancebo português maior de 10 anos, o Grupo Nº 1 foi com certeza resultante de uma selecção de jovens feita pelo director da sociedade e adaíl-mor dos adueiros, o referido alferes Artur Barros Basto. Segundo o artigo 8º do Decreto Nº 6277, de Dezembro de 1919, o aduarismo não se parecia diferenciar do escotismo, a não ser pela terminologia. A coabitação entre a instrução militar preparatória e o aduarismo permitiu à UAP facilidades logísticas, mas tornou ainda mais difícil a já hesitante aceitação pelos seus pares da AEP. A leitura do órgão oficial da UAP, o Adueiro, lança luz sobre a pertinência das insinuações “aépistas” de heterodoxia escutista: logo no primeiro número constam apelos ao bom patriotismo, cursos de instrução em carreiras de tiro e relembra-se com orgulho o oferecimento da UAP para a prestação de serviços ao Ministro da Guerra, em Abril de 1916. Evidencia-se ao longo de todas as séries d’O Adueiro, Adueiro de Portugal e Adueiro do Sul, uma enorme semelhança com a instrução militar, apenas se entrevendo do método escutista a aplicação de alguns dos aspectos do sistema de patrulhas e sistema de progresso.
Cada grupo adueiro integrava exclusivamente rapazes entre os 13 e os 17 anos, não tendo sido programadas unidades mais jovens ou mais velhas.

Os grupos possuíam alas (similares às divisões da AEP) com o mínimo de três patrulhas, as quais de compunham de quatro jovens (o número aconselhado pelo General Baden-Powell para a constituição de uma patrulha era de cerca de sete rapazes). Este esquema favoreceu o trabalho com um colectivo mais extenso, a dita ala, e não com a unidade-base, a patrulha.
Durante os vinte anos de actividade aduarista, os aspirantes iniciaram-se com a qualidade de adueiro-aprendiz, prestando juramento em feriado nacional, seguiram para provas de adueiro-pronto e atingiram a escala máxima da sua aprendizagem mediante o trabalho para adueiro-perfeito.

Os primeiros dados relativamente a esta associação datam de Julho de 1918, e indicam a existência de nove grupos de adueiros sedeados no Porto. A partir da ausência de Artur Barros Basto, motivada pela incorporação no Corpo Expedicionário Português, Alfredo Augusto da Costa Pereira, Tenente de Infantaria e engenheiro industrial, com o seu adjunto Edmond Gomes da Silva, dirigiram a União. Na capital do país, onde a AEP tinha a sua sede-nacional e prestígio estabelecido ao longo de uma década, os adueiros batiam-se por um reconhecimento social que tardava em chegar, apesar de ter a sua personalidade jurídica três anos. A título de exemplo, queixava-se o grupo Nº 10 de, em Novembro do ano anterior, numa manifestação de apoio ao Chefe de Estado convocada pela Câmara Municipal, não ter a UAP sido oficiada, acusando o vereador Magalhães Peixoto de manifestar para com a associação uma atitude desdenhosa, ao convocar apenas a AEP. A preeminência de acção da UAP no Porto foi incontestada até à chegada do escutismo católico. Por isto, até 1923, o aduarismo compreendeu dois grupos confessionais: o Grupo Nº 2, cujos elementos eram cristãos reformados, com sede na ACM Porto, e o Grupo Nº 15, “estagnado” já no início de 1922, e composto por católicos.
 
O facto de não ter a UAP integrado a OEP, nem ter sido encontrada a data exacta de dissolução, impossibilita a identificação das causas do fim do aduarismo. O período correspondente ao adaílato-mor geral do Tenente Alfredo Augusto da Costa Pereira, entre 1922 e 1924, seguido do Capitão Emílio Tito Ferreira da Silva Couto 77, de então até 1927, aparentam ter sido os mais dinâmicos. Contavam-se nesse ano 12 grupos, e cada grupo, tendo em conta a estrutura associativa aduarista, podia atingir um efectivo de 100 a 160 rapazes. Assim, por aproximação, poderão ter existido entre 480 e 900 adueiros e adaís, nesse ano. Apontamento memorialista n’ A Flor de Lis refere um número dentro desta estimativa.
in LUSITÂNIA SACRA XVI
A INTRODUÇÃO DO ESCUTISMO EM PORTUGAL
 de ANA CLÁUDIA S. D. VICENTE

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Dólmen da Pedra Branca

Monumento megalítico de câmara poligonal e corredor diferenciado, utilizado como necrópole no Neolítico Final. A singularidade deste monumento reside no factos de todos os mortos ali sepultados serem rodeados de artefactos como colares, pedras polidas e machados. Descoberto em 1972, apresenta vários enterramentos pertencentes a diferentes períodos calcolítico.
Conjunto dolménico tardio, com influência da civilização dolménica almeriense. A cobertura da câmara (em lajes de pedra ou em madeira) assentava num grande pilar de quartzite, com 2,20 m. de altura, com orifício, encontrado na escavação; a galeria era coberta por lajes transversais.

DESCRIÇÃO
Planta composta por câmara poligonal (3,85 x 3,40) e galeria trapezoidal (3,50 x 1,50), bem diferenciado por septos parciais, orientado segundo um eixo E. / O., com entrada a E.; 7 esteios na câmara, 5 no corredor, 4 septos; envolvido por estrutura tumular.


ACESSOS 
Desvio na EN. 261, junto a Melides
ENQUADRAMENTO 
Rural, alto da colina, isolado. Domina visualmente os arredores.

ÉPOCA CONSTRUÇÃO
Neolítico final / calcolítico inicial c. 2500 a.c.

CRONOLOGIA
2 épocas sucessivas de utilização: c. 2500 a.c.- nível inferior: ocupação dolménica almeriense (65 depósitos funerários); c. 2000 a.C. - nível superior: 2 sepulturas da cultura do vaso campaniforme.