Taxonomia
Aves, Procellariiformes, Procellariidae.
Aves, Procellariiformes, Procellariidae.
Tipo de ocorrência
Açores: Estival nidificante.
Madeira: Estival nidificante.
Classificação
Açores: EM PERIGO - EN (D)
Fundamentação: Espécie colonial com população muito reduzida (entre 230 e 470 indivíduos maturos).
Madeira: VULNERÁVEL - VU (D2)
Fundamentação: Espécie que se pode encontrar num número restrito de localizações.
Distribuição
A população mundial desta espécie nidifica na Islândia, Ilhas Féroe, Reino Unido, França, Açores, Madeira e Canárias.
No arquipélago dos Açores nidifica na ilha do Corvo e na ilha das Flores (Monteiro et al. 1999).
No arquipélago da Madeira só tem a nidificação confirmada na Ilha da Madeira, distribuindo-se de forma dispersa ao longo de muitos dos vales profundos da ilha (Santos 2001).
População
Trata-se de uma espécie marinha, com nidificação colonial.
Nos Açores, as crónicas históricas do século XVI, de Gaspar Frutuoso, referem abundâncias elevadas desta espécie e mencionam a captura de indivíduos para exploração de carne, óleo e penas (Instituto Cultural de Ponta Delgada 1998). Censos realizados entre 1996 e 1998 registaram 12 colónias localizadas na ilha do Corvo e na ilha das Flores, tendo sido estimada para o arquipélago uma população reprodutora de 115-235 casais (Monteiro et al. 1999).
Na Madeira, a população foi estimada como estando compreendida entre 2.500 e 10.000 indivíduos maturos, com base no número de aves contadas em jangadas distribuídas ao longo de toda a ilha, na intensidade das vocalizações de alguns vales prospectados e na distribuição destas vocalizações ao longo de extensas áreas da ilha (Oliveira P & Câmara D dados não publicados, Geraldes 2000, Santos 2001).
Em termos de estatuto de ameaça a nível da Europa, a espécie é considerada Localizada, embora ainda provisoriamente (BirdLife International 2004).
Habitat
Nos Açores a espécie reproduz-se em falésias costeiras e em ilhéus, nidificando em buracos escavados no solo (Monteiro et al. 1996a).
Na Madeira, nidifica nas encostas de vales profundos, regra geral com vegetação e, pelo menos actualmente, com acessibilidades muito difíceis. Os ninhos encontram-se a cotas relativamente elevadas, atingindo altitudes superiores a 800 metros (Oliveira 1999).
Factores de Ameaça
Nos Açores, esta espécie era extremamente abundante no passado tendo sido praticamente extinta no século XIX em resultado da exploração de óleo, carne e penas. Hoje em dia a principal ameaça é a introdução de espécies não indígenas invasoras, nomeadamente mamíferos predadores. Estes podem conduzir a um declínio rápido da população desta ave marinha, quer por aumentarem a mortalidade, quer por impedirem a colonização de locais com habitat potencial, diminuindo drasticamente o habitat de reprodução disponível.
Outras ameaças dizem respeito à ocorrência regular de predadores naturais, como a gaivota Larus cachinnans atlantis, e à ocupação da zona costeira com zonas urbanas e infraestruturas de transporte (estradas, portos, etc.) (Monteiro et al. 1996b).
Na Madeira, a predação por animais introduzidos, nomeadamente ratos e gatos, é apontada como a principal ameaça que esta espécie enfrenta actualmente (Câmara 1997). Em termos históricos é provável que outras ameaças actuassem em paralelo, nomeadamente a degradação e perda de habitat e a captura pelo homem, causando o desaparecimento da espécie de alguns locais mais acessíveis (Oliveira 1999).
Medidas de Conservação
A maior parte das colónias desta espécie no arquipélago dos Açores ocorre em Zonas de Protecção Especial. O regime de protecção dessas Zonas foi reforçado através da elaboração de planos de gestão e da sinalização e vigilância das mesmas. Ao abrigo do projecto LIFE Conservação de comunidades e habitats de aves marinhas nos Açores, um programa de investigação sobre a biologia e a ecologia das aves marinhas dos Açores definiu medidas prioritárias de conservação e assegurou a monitorização da distribuição e das tendências populacionais. Foram também realizadas acções de sensibilização ambiental sobre as aves marinhas que nidificam nos Açores para as quais foram produzidos materiais promocionais e didácticos adequados. Nesta região, as prioridades de conservação incluem a erradicação de mamíferos não indígenas e o restauro dos habitats naturais dos ilhéus e a monitorização contínua das populações do arquipélago. Na área de investigação constituem prioridades a obtenção de dados sobre selecção de habitat e sucesso reprodutor bem como a avaliação do impacto das diferentes ameaças.
Na Madeira, uma expressiva proporção da área de nidificação desta espécie encontra-se incluída em áreas de Reserva Natural do Parque Natural da Madeira. Não obstante o facto dos ratos e os gatos constituírem uma ameaça real para a espécie, o único esforço de controlo destes predadores é efectuado numa área muito localizada do Parque Ecológico do Funchal. A definição de outras áreas chave para a espécie deveria ser rapidamente efectuado para o estabelecimento de outras áreas de controlo de pedradores.
in Livro Vermelho dos Vertebrados
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