quinta-feira, 20 de março de 2008

Grândola contra fecho nocturno do SAP

António Cotrim, LUSA

Perto de 1.500 pessoas participaram esta quinta-feira numa marcha de protesto pelo IP1, em Grândola, contra o encerramento nocturno do Serviço de Atendimento Permanente local. A ministra da Saúde diz-se disponível para dialogar, mas garante que a “reorganização de atendimentos é para manter”.

A acção de protesto foi convocada no início da semana pela Comissão de Acompanhamento Permanente dos Assuntos do Centro de Saúde de Grândola, que integra a Comissão de Utentes daquela unidade, o provedor da Misericórdia e vários órgãos da Câmara Municipal, incluindo o presidente Carlos Beato.

O presidente da Câmara de Grândola encabeçou, de resto, a manifestação desta quinta-feira, com cerca de 1.500 pessoas a lançarem palavras de ordem contra o encerramento nocturno do SAP, concretizado após o incêndio que a 24 de Outubro destruiu a sala de urgências do serviço.

De acordo com o autarca de Grândola, o Ministério da Saúde havia dado garantias de que o horário anterior ao incêndio – 24 horas por dia – seria reposto logo que as obras de recuperação da sala de urgências estivessem concluídas. A sala foi entretanto recuperada, mas o SAP permanece a funcionar apenas no horário diurno, das 9h00 às 21h00.

Carlos Beato exige que o Governo cumpra o que prometeu.

“Esta manifestação é pelo cumprimento da palavra dada pelo Ministério da Saúde, que não cumpriu aquilo que por escrito assumiu com o município de Grândola”, afirmou o autarca, em declarações à RTP.

O Ministério da Saúde, prosseguiu Carlos Beato, garantiu que “o Centro de Saúde não encerraria à noite sem que houvesse uma audiência prévia com o município”. “Como isso não aconteceu, estamos aqui a dizer que não aceitamos comportamentos desses e não merecemos comportamentos desses”, rematou.

Ministra da Saúde defende “política de reorganização de atendimentos”

A ministra da Saúde já anunciou que conta reunir-se “muito em breve” com o presidente da Câmara Municipal de Grândola para debater a situação do Centro de Saúde local. No entanto, Ana Jorge ressalva que “a política de reorganização dos atendimentos é para manter”. E desdramatiza a possibilidade de a contestação popular regressar às ruas.

“Aquilo que está a ser considerado em relação à política de reorganização dos atendimentos foi definido pelo Governo e é para manter”, frisou à RTP a ministra da Saúde.

Quanto à possibilidade de uma reedição dos protestos que desgastaram o seu antecessor na pasta, Ana Jorge procurou desdramatizar esse cenário.

“As pessoas têm o direito de se manifestarem e nós temos o direito de as informar, proteger e de desenvolver serviços que sejam competentes e seguros para a saúde dos portugueses”, afirmou.


Carlos Santos Neves, RTP
2008-03-20 19:40:59

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