sábado, 15 de março de 2008

O sacramento da confissão

Hoje em Grândola, foi dia de confissões para a preparação dos católicos da paróquia para as celebrações da Semana Santa.

Regressado a casa, pus-me a pensar, se este é um momento de relevo na minha prática religiosa, também seria digno de algumas linhas no blog.

O que é a Confissão?
Vejamos os que diz uma fonte não religiosa, a Wikipédia:

A confissão, reconciliação, sacramento da penitência ou sacramento do perdão é um sacramento que envolve a admissão de pecados perante um padre, presbítero ou bispo que neste momento actua em nome de Cristo, e o recebimento do perdão das faltas confessadas e de uma penitência.
Arrependimento
Segundo o Compêndio do Catecismo da Igreja Católica, além do perdão dos pecados conferido pelo Baptismo, é necessário o sacramento da penitência "porque a nova vida da graça, recebida no Baptismo, não suprimiu a fragilidade da natureza humana nem a inclinação para o pecado (isto é, a concupiscência), Cristo instituiu este sacramento para a conversão dos baptizados que pelo pecado d’Ele se afastaram." (n. 297).
Os actos do penitente são "um diligente exame de consciência; a contrição (ou arrependimento), que é perfeita, quando é motivada pelo amor a Deus, e imperfeita, se fundada sobre outros motivos, e que inclui o propósito de não mais pecar; a confissão, que consiste na acusação dos pecados feita diante do sacerdote; a satisfação, ou seja, o cumprimento de certos actos de penitência, que o confessor impõe ao penitente para reparar o dano causado pelo pecado." (n. 303).
"Devem-se confessar todos os pecados graves ainda não confessados, dos quais nos recordamos depois dum diligente exame de consciência. A confissão dos pecados graves é o único modo ordinário para obter o perdão." (n. 304)
A penitência desempenha a função de perdoar os pecados do indivíduo, e assim alcançando a absolvição ou o perdão de Deus. 
Cuidados pastorais


Sobre este sacramento Bento XVI na Exortação apostólica Sacramentum Caritatis, ( n.21) disse: "O Sínodo lembrou que é dever pastoral do bispo promover na sua diocese uma decisiva recuperação da pedagogia da conversão que nasce da Eucaristia e favorecer entre os fiéis a confissão frequente. Todos os sacerdotes se dediquem com generosidade, empenho e competência à administração do sacramento da Reconciliação, limitando a prática da absolvição geral exclusivamente aos casos previstos, permanecendo como forma ordinária de absolvição apenas a pessoal."
Exame de consciência
  • Amar a Deus sobre todas as coisas. Não ter outros deuses.
  • Não tomar o nome de Deus em vão.
  • Guardar os dias sagrados e festivos.
  • Não fazer ídolos para adoração.
  • Honrar pai e mãe.
  • Não matar.
  • Não pecar contra a castidade.
  • Não furtar.
  • Não levantar falso testemunho.
  • Não cobiçar a mulher do próximo.
  • Não cobiçar as coisas alheias.
in Wikipédia
 
Porque devemos nos confessar.


Deus, no seu amor paternal, deseja que todos os pecadores voltem para junto dele. Ele quer que nos afastemos dos nossos pecados, que nos convertamos a ele, nosso supremo Senhor e fim eterno. Jesus Cristo nos diz no Evangelho: “Fazei penitência, pois o Reino dos Céus está perto.” (Mat. IV,17).

Mas para nos ajudar a fazer a penitência, Deus nos dá uma virtude especial para que tenhamos forças para nos arrependermos de nossos pecados. Essa força especial é a Virtude de Penitência.
Pela virtude de Penitência, que Deus coloca no nosso coração, Ele nos leva a reconhecer toda Sua bondade, toda Sua santidade e como nós O ofendemos e O deixamos triste quando cometemos nossos pecados. Só mesmo conhecendo a Santidade, a Justiça e o Amor de Deus é que podemos reconhecer como nossos pecados ofendem a Deus.
Deus quer que tenhamos grande arrependimento por nossos pecados.
O que quer dizer “se arrepender”?
Arrepender-se quer dizer não querer de maneira nenhuma continuar com a alma manchada pelo pecado, sentir uma dor profunda por ter traído a bondade de Deus, ter ofendido e entristecido a Deus, que nos ama tanto.
Na nossa família nós temos um bom exemplo do que é o arrependimento, quando deixamos nossos pais tristes e ofendidos. Logo vem aquela dor, aquela vergonha e, ao mesmo tempo, a certeza de que eles vão nos perdoar, se pedirmos desculpas, porque sabemos que eles nos amam muito. Com Deus também acontece assim. Com essa diferença: o arrependimento dos nossos pecados nos abre novamente as portas do Paraíso, nos devolve a amizade com nosso Deus, que morreu na Cruz para nos salvar.
Mas se não tivermos o arrependimento, será que Deus nos perdoará dos nossos pecados? É fácil perceber que sem um sincero arrependimento, Deus não pode nos perdoar.
Há vários tipos de arrependimento pelo pecado:
  • Arrependimento humano: estamos arrependidos porque temos medo do castigo que receberemos de nossos pais. Esse arrependimento humano nada adianta para o perdão dos pecados.
  • Arrependimento imperfeito: chama-se também contrição imperfeita ou atrição – estamos arrependidos porque temos medo do castigo de Deus.
  • Arrependimento perfeito: chama-se também contrição perfeita – estamos arrependidos não mais por causa do castigo dos pais ou de Deus, mas porque ofendemos a Deus, traímos o amor de Deus, nosso Pai tão bom e amoroso, nosso Redentor e Salvador. Esta dor é chamada perfeita porque vem do amor que sentimos por Deus. É essa contrição perfeita que nós manifestamos quando rezamos o Ato de Contrição. Devemos saber de cor o Ato de Contrição para rezá-lo no confessionário e também em todos os momentos de tentação e perigo de nossa vida.
Meu Deus, eu tenho muita pena de ter pecado, pois ofendi a Vós, meu sumo Bem, e mereci os castigos de Vossa justiça. Perdoai-me, Senhor, não quero mais pecar”.
Existe um Acto de Contrição mais bonito e mais completo:
«Senhor meu Jesus Cristo, Deus e Homem verdadeiro, criador e redentor meu, por serdes Vós quem sois, sumamente bom e digno de ser amado sobre todas as coisas, e porque Vos amo e estimo, pesa-me Senhor, de todo o meu coração de Vos ter ofendido; pesa-me também de ter perdido o céu e merecido o inferno; e proponho firmemente, ajudado com o auxílio da Vossa divina graça, emendar-me e nunca mais Vos tornar a ofender. Espero alcançar o perdão das minhas culpas pela Vossa infinita misericórdia. Amém.»
Porém, só o arrependimento não basta! É preciso que ele seja acompanhado pelo bom propósito.
O que é o propósito?
É a vontade firme e sincera de não mais cometer aquele pecado.
Se tivermos a contrição perfeita e o firme propósito de não mais pecar, devemos esperar com toda confiança o perdão de Deus. Ele é infinitamente misericordioso, chegando até a enviar seu Filho, o Verbo Encarnado, Jesus Cristo, para morrer pagando nossos pecados.
Essa virtude de Penitência não serve apenas para que nasça em nosso coração o arrependimento e a dor por ter pecado. Ela nos ajuda ainda a realizar certos actos exteriores, as obras de penitência, que servem para diminuir a pena do Purgatório, que teremos de pagar antes de irmos para o Céu; serve para dominar nossas más inclinações, nossos defeitos dominantes; e, também, para nos fortificar no bem.
São obras de penitência: rezar, jejuar, dar esmolas, suportar com paciência os sofrimentos e contrariedades, aceitar os incómodos da vida. A melhor obra de penitência é receber o Sacramento da Penitência, que é a Confissão.
A confissão tem poder de cura


A confissão é importante o ano todo porque ela é justamente o sacramento que nos reconcilia. E ela tem o poder curativo em nós, quando descobrimos que a cada confissão a gente se propõe a uma mudança. Por isso ela é curativa e faz crescer.

Sempre que você se restaura de um erro, de uma fragilidade também se projecta para crescer, a partir daquilo. De forma muito especial, na Quaresma, porque é um tempo especifico de conversão - e na verdade a confissão é uma mola propulsora da conversão.

Se a gente se confessa com mais regularidade na Quaresma e leva a mais a sério as consequências da confissão, que é justamente a reconciliação e consequentemente o passo que a gente dá para superar o erro, vamos viver uma Quaresma muito mais santa, porque a vamos trazer o benefício do Sacramento neste tempo tão específico de conversão.

Sem comentários: