terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Ardeola ralloides, Papa-ratos

Taxonomia
Aves, Ciconiiformes, Ardeidae.

Tipo de ocorrência
Estival nidificante e invernante.
 
Classificação
População nidificante: CRITICAMENTE EM PERIGO - CR  (D)
Fundamentação: População extremamente reduzida (inferior a 50 indivíduos maturos).
 
População  invernante: EM PERIGO - EN* (D)
Fundamentação: População extremamente reduzida (inferior a 50 indivíduos maturos).
No entanto, por ser um taxon visitante não reprodutor cujas condições não se estão a deteriorar nem fora nem no interior da região, o que leva a admitir um risco de extinção mais reduzido em Portugal, desceu uma categoria na adaptação à escala regional.

Distribuição
A sua distribuição estende-se desde o sul da Europa, Ásia Central até à região do Mar Aral, assim como na zona tropical de África e no Norte de África; pode também ocorrer nas Ilhas Canárias, Ilhas de Cabo Verde (Cramp & Simmons 1977).

A maioria das espécies de papa-ratos do Paleártico Ocidental migra para a zona tropical do Norte de África, e em menor proporção para Marrocos, Mediterrâneo, Iraque, Irão e Golfo Pérsico (Cramp & Simmons 1977).

Em Portugal, a sua área de distribuição potencial em Portugal, situa-se a sul do Tejo.

Como nidificante, ocupa uma área restrita (cerca de 50 km2); ocorre em zonas de nidificação muito bem definidas (sendo menos de 5 os locais de nidificação conhecidos). Como invernante são menos de 10 os locais de ocorrência conhecidos.

População
Trata-se de uma espécie com baixa detectabilidade e que não tem sido alvo de contagens dirigidas, sobre a qual não exista muita informação disponível. No entanto, o conhecimento resultante do acompanhamento que tem sido desenvolvido nas suas áreas potenciais de ocorrência permite assumir que tanto a população nidificante como a população invernante serão seguramente inferiores a 50 indivíduos maturos. A redução das observações efectuadas durante a época de reprodução, bem como a não confirmação da sua nidificação nos últimos anos, indiciam um declínio acentuado da população nidificante. Pelo contrário, existem registos cada vez mais frequentes da sua presença no inverno.

Em termos de estatuto de ameaça a nível da Europa, a espécie é considerada Em Declínio, embora ainda provisoriamente, apresentando um declínio continuado moderado (BirdLife International 2004). Para Espanha, é referida uma expansão da população e área de distribuição (Perez-Aranda et al. 2003).

Habitat
Frequenta normalmente zonas com vegetação palustre, lagoas costeiras, arrozais, cursos de água, pauis e açudes.

Factores de Ameaça
Entre os factores de ameaça a esta espécie destaca-se a drenagem e destruição de caniçais para aproveitamento agrícola e pecuário e a má gestão dos recursos hídricos. Com efeito, tratando-se de uma ave extremamente sensível a alterações do nível da água, pode ser negativamente afectada por intervenções hidráulicas associadas a alterações dos níveis de água, com origem na gestão de açudes e barragens. Também alterações do uso do solo nas áreas circundantes às colónias que são utilizadas como locais de alimentação, nomeadamente o abandono da cultura de arroz ou conversão para a cultura de sequeiro ameaçam a conservação desta espécie. O corte e queima dos caniçais Phragmites australis também prejudicam esta espécie, dado que o caniço é utilizado para a construção do ninho e é também no seu interior que esta ave se alimenta. É uma espécie extremamente sensível a qualquer tipo de perturbação nas áreas de nidificação, sendo negativamente afectada pelas acções de perturbação associadas ao turismo, caça e pesca. Dada a sua grande dependência do meio aquático, é muito afectada pela poluição da água, por efluentes domésticos, industriais e agrícolas e ainda pela utilização de adubos, pesticidas e herbicidas nas zonas de alimentação, contaminando os recursos alimentares.

Medidas de Conservação

A conservação desta espécie requer a manutenção e incremento das áreas de habitat de suporte potencial para nidificação da espécie, nomeadamente de manchas de caniço, bem como das condições nos habitats de alimentação, assegurando a existência de zonas ricas em peixe e anfíbios. É uma espécie que beneficiará largamente da melhoria da eficácia do controlo e tratamento das descargas de efluentes. Carece também de medidas que visem reduzir a perturbação nos locais de nidificação e de invernada. A criação e implementação de Planos de Ordenamento para áreas ecologicamente sensíveis onde a espécie ocorre, que integrassem estas orientações, asseguraria a sua conservação à escala nacional.

A monitorização dos efectivos nidificantes é fundamental.

A informação e sensibilização das populações em geral e das entidades responsáveis para a conservação da espécie, foi também identificada como tendo um papel importante na preservação desta ave.
 in Livro Vermelho dos Vertebrados

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