quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Ruínas de Tróia

Romano, paleo-cristão. Aglomerado construído em função da actividade conserveira, com inúmeros vestígios de cetárias, além do equipamento urbano característico dos povoados luso-romanos: habitações, termas, necrópole, columbário, basílica de 4 naves, com frescos de inspiração paleo-cristã, que se aproximam de outros em igrejas asturianas (ALMEIDA, 1971).
As ruínas do agregado populacional compreendem uma área habitacional, um balneário, 4 zonas de enterramento, um núcleo religioso, além de vários núcleos industriais. Ruínas de edifícios de habitação, de r/c. e r/c. e 1º andar, formando quarteirões separados por ruelas, algumas luxuosas com mosaicos em "opus vermiculatum", estuques com pintura a fresco; balneário - com vestíbulo, "frigidarium", "tepidarium" e "caldarium" sobre "hipocaustum", piscinas e sala de ginástica; vestígios de mosaicos em "opus vermiculatum" numa das piscinas; necrópoles de tipologia diversa: sepulturas sobrepostas numa altura de 7 m (margem da Caldeira), sepultura de incineração de Galla, mausoléu de planta quadrada com nichos abertos nas paredes, para guardar urnas cinerárias, sepulturas de superestrutura quadrangular (junto à basílica); basílica paleo-cristã - com 2 partes distintas: a nave (22,5 x 13 m.), com vestígios de 8 bases de colunas e de arranques de arcadas transversais, a ábside, a O., com pavimento mais elevado, paredes estucadas e pintadas a fresco, com marmoreados, elementos geométricos e emblemáticos; cetárias - grande número de tanques de salga rectangulares e quadrangulares, contíguos, forrados em "opus signinum" e sem comunicação, com poços de boca circular nas proximidades, para fornecer àgua para a salmoura.
ENQUADRAMENTO
Rural, borda d'água. Na parte N. da península de Tróia do lado do estuário, na margem esquerda do Rio Sado, numa restinga delimitando pelo E. um pequeno esteiro em forma de fenda, a Lagoa.
CRONOLOGIA
Séc. 1 - início da ocupação, que se prolongou até inícios do séc. 6, por povo luso-romano cuja principal actividade era a pesca, o fabrico e a exportação de conservas de peixe. A submersão de parte da povoação terá sido motivada por um fenómeno de transgressão marinha (fenómeno inicial de afundamento seguido de levantamento já com sedimentos), associado a vagas sísmicas e à acção erosiva do Sado (SILVA, 1966).
CARACTERÍSTICAS PARTICULARES
O columbário (sepultura familiar) é um exemplar raro em território português. Junto à basílica existia uma construção circular, a N. da actual capela, provavelmente um baptistério, entretanto desaparecido, descrito por Marques da Costa (1933), que ainda viu um "crismon" pintado nas paredes da basílica, por ele interpretada apenas como uma capela sepulcral.
MATERIAIS
Cantaria e alvenaria de pedra (calcário da Arrábida, grés, conglomerado vermelho do alto do Viso), tijolo, mosaico.

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