sábado, 11 de agosto de 2012

Processo de distorção histórica, providencial?

Em algumas dioceses costuma existir, ou está planeado no papel, o que se chama o Plano Pastoral - a Pastoral Comum -; este plano costuma traçar-se pensando sempre na colaboração conjunta de todos os Movimentos existentes na Diocese, trazendo cada um ao planeamento geral, o seu carisma próprio.

É uma pena que desconhecendo precisamente o essencial e característico do Movimento de Cursilhos de Cristandade, e por isso o que pode trazer à colectividade próxima da Igreja ao mundo e do mundo à Igreja se o vá empregando para finalidades alheias ao mesmo, com detrimento da sua eficácia.

A causa histórica disso vem motivada pela experiência que se tem da tantas vezes sobrecarregada generosidade que, no fim do seu Cursilho, tem normalmente os Cursilhistas.

Efectivamente, o que viveu a experiência de um Cursilho e aplicou os meios adequados, costuma estar com uma aberta disposição de serviço e esta disposição, tão conhecida nos meios eclesiais, faz com que bastantes vezes se sirvam de alguns para preencher muitos cargos dirigentes, mas isto não significa que para este serviço que se faz à Igreja tenham que empregar-se os Cursilhos exclusivamente para isso.

Também, pela graça de Deus, dos Cursilhos de Cristandade surgiram muitas vocações para o sacerdócio, para o diaconado, para ministros de la Eucaristia, coisa que tampouco quer dizer que esta seja a finalidade dos Cursilhos.

Tudo isto, que sem dúvida temos de agradecer a Deus, não nos tem que fazer esquecer o objectivo primordial que os Cursilhos perseguem, isto que é o alvo, a meta a que temos de apontar se queremos lograr a finalidade, o porquê e o para quê foram pensados e estruturados.

Os Cursilhos de Cristandade querem lograr, e pela graça de Deus vão logrando, o que com mais urgência faz falta conseguir: que a Boa Nova do Evangelho, boa para todos e sempre nova porque nos renova, chegue a todos os possíveis e sobretudo chegue ao homem de hoje, ao homem corrente, normal, quotidiano, o que em seu diminuto descanso, porque tem que trabalhar e muito, para poder viver e, até algumas vezes, para somente sobreviver, não tem mais entretenimento que ler depressa o jornal diário, ouvir algum espaço radiofónico e acabar a dormir perante o televisor, sem que nada do que lhe chega seja resposta aos problemas vitais do seu viver.

Ante um facto insólito, reflecte, sente Deus, mas um Deus desfocado, abstracto e longínquo mas que talvez graças ao Cursilho, pode ser que esteja tão só a três dias Dele.
É o homem (ou a mulher) que, ao conhecer e reconhecer a Deus no Cristo, vivo, actual e humano que no Cursilho se vive e se convive, se assombra ao descobrir que, sem sair de si mesmo, é possível a sua amizade e proximidade.
Quando a este mesmo homem se vai esclarecendo o panorama recém-descoberto à luz DO QUE É A LUZ, e ao impulso da sua Graça, vai dando-se conta de que o Evangelho pode potenciar-lhe tudo o que tem de humano para fazê-lo campo de aterragem da sua presença, do seu espírito e da sua verdade.

A este homem há que ir, a este homem há que seguir indo, porque se não vamos, o mais provável é que não venha, e que nunca o encontremos no nosso caminho.

Tirar estas pessoas do anonimato e tratar de lograr, antes que outra coisa, que vão descobrindo por si mesmos que são pessoas, é o objectivo e a meta dos Cursilhos de Cristandade. Elas são o alvo das nossas preocupações desde que os Cursilhos se iniciaram.

Eduardo Bonnín
Francisco Forteza


© Fundación Eduardo Bonnín Aguiló
documentos@feba.info
Mateo Enrique Lladó 3_1ºA y 2ºB - E-07002 Palma de Mallorca - Spain

Sem comentários: