terça-feira, 16 de novembro de 2010

Emys orbicularis, Cágado-de-carapaça-estriada

Taxonomia
Reptilia,  Testudines,  Emydidae.
 
Tipo de ocorrência
Residente.
 
Classificação
EM PERIGO  .  EN  (B2ab(ii,iii,v)).
Fundamentação: Espécie com área de ocupação inferior a 500 km2.  Admite-se que apresente fragmentação elevada e um declínio continuado da área de ocupação, da qualidade e quantidade do habitat e do número de indivíduos maduros.
 
Distribuição
O cágado-de-carapaça-estriada ocorre na Europa e Norte de África, designadamente em Marrocos, na Tunísia e na Argélia. Na Europa, distribui-se por núcleos dispersos na Península Ibérica, na Europa Central e de Este. No entanto, considera-se  que  não  existem  populações  autóctones  na  região  Este  de  França,  na Holanda, no Oeste da Alemanha, Dinamarca e Suíça e em quase todo o território da  Áustria  e  da  República  Checa.  Distribui-se  também  pela  região  ocidental  da Ásia, do Noroeste do Irão e Iraque ao Norte da Síria (Ernest & Barbour 1989, Gasc et al. 1997, Keller & Andreu 2002).

Em Portugal a sua distribuição é fragmentada. Numa análise por bacias hidrográficas, os resultados indiciam que esta espécie é mais rara a norte do rio Tejo, estando  referenciadas  populações  no  Paul  da  Tornada,  nas  Lagoas  do  Prado  (Vila Verde) e na área do Douro Internacional. Na bacia do rio Tejo, esta espécie pode ser encontrada no Paul do Boquilobo, nas sub-bacias hidrográficas dos rios Ponsul e Erges e da ribeira de Nisa. As bacias hidrográficas mais importantes para esta espécie são a do rio Guadiana, entre os rios Mira e Arade e entre os rios Arade e Guadiana (Araújo et al. 1997, Godinho et al. 1999).
 
População
Não existem estimativas da densidade populacional para esta espécie em Portugal e, na maioria dos casos, as observações referem-se a indivíduos isolados ou pequenas  populações.

No entanto, foram encontradas várias populações com um número relativamente elevado de indivíduos, associadas a habitats aquáticos temporários, principalmente no Sul do País (Araújo et al. 1997, P Segurado, com. pess.).
 
Habitat
Esta  espécie  ocorre  em  habitats  dulciaquícolas  ou  de  baixa  salinidade,  com águas  paradas  ou  de  corrente  lenta,  permanentes  ou  temporárias,  tais  como charcos, albufeiras, represas, rios e ribeiras (Araújo et al. 1997, Keller 1997).

As maiores populações encontradas estão associadas a zonas de charcos temporários, único tipo de habitat em que se julga que a espécie não coexiste com o cágado-mediterrânico  Mauremys  leprosa  (P  Segurado, com. pess.).
 
Factores de ameaça
Os factores de ameaça determinados em Portugal são comuns aos referidos para as populações dos outros países da sua área de distribuição. Assim, a alteração e destruição das zonas húmidas, quer devido à captação de água ou à implantação de infra-estruturas, quer devido à poluição da água de origem agrícola, doméstica e industrial, são as principais causas de ameaça.

Constituem igualmente factores de ameaça relevantes a mortalidade por atropelamento e as capturas acidentais em resultado da pesca. Similarmente as capturas motivadas por actividades científicas, de recreio e de comércio, poderão ter impacto  nas  populações  locais  desta  espécie.

Embora não tenha sido avaliado, na natureza, o impacto causado pela introdução de espécies não-indígenas, tais como as tartarugas de água doce Trachemys sp, este  poderá  também  vir  a  ter  consequências  negativas,  a  nível  local  (Cadi  & Poli 2004).

Existem ainda factores de risco associados às características biológicas intrínsecas da  espécie, designadamente a sua maturação sexual tardia, a relativa baixa mobilidade e baixa taxa de crescimento, que contribuem para o reduzido recrutamento, e ainda uma capacidade de dispersão limitada e uma fraca capacidade de recuperação (Araújo et al. 1997, Keller 1997).
 
Medidas de conservação
Para a conservação desta espécie consideram-se necessárias medidas que possibilitem a conservação dos seus habitats, designadamente os charcos temporários. Para além disto, considera-se essencial a realização de acções de sensibilização ambiental e o reforço da fiscalização. É também relevante o desenvolvimento de acções que contribuam para a erradicação de espécies invasoras competidoras como as do género Trachemys.

Estão  a  decorrer  acções  de  investigação  com  implicações  para  a  conservação desta espécie, especificamente sobre os seus padrões de ocorrência a diferentes escalas  espaciais.
in Livro Vermelho dos Vertebrados

Sem comentários: