quinta-feira, 22 de maio de 2008

HOLODOMAR

Icon do 75º aniversário do Holodomar
Realizou-se hoje em Grândola, pelas 18:00 horas, a abertura da exposição "Ucrânia Trágica: Repressão e Genocídio (1917-1933)". 
Visando um período entre a queda do Czar da Rússia (em 1917), em que a Ucrânia tentou ser um estado independente, e o biénio 1932-1933 em que o regime soviético utilizou a fome como arma para dominar e subjugar o povo ucraniano. 
A cerimónia de abertura contou com a presença de várias entidades locais e representantes da comunidade ucraniana, entre eles, o embaixador da Ucrânia em Portugal, o Presidente da Câmara Municipal de Grândola, o Presidente da Assembleia Municipal de Grândola, a vereadora da cultura da Câmara Municipal de Grândola, o presidente da associação de ucranianos em Portugal, etc. 
Pouco depois das 18:00 horas a sala de exposições da biblioteca de Grândola abriu as portas às entidades presentes e a todos os munícipes que pretendiam assistir ao acto. 
O acto iniciou-se com a actuação de um grupo musical ucraniano, seguindo-se as palavras do dr. Carlos Beato, Presidente da Câmara Municipal de Grândola e de Rostyslav Tronenko, Embaixador da Ucrânia em Portugal. 
Após a actuação de mais um elemento do grupo musical ucraniano, o professor Luís Ribeiro, coordenador da exposição, procedeu a uma explicação do conteúdo da mesma, impressionando muitos dos presentes ao revelar que o Holodomar causara a morte a vários milhões de ucranianos. 
Após uma breve prova do moscatel de Setúbal, seguiu-se a exibição de um documentário sobre sobre o Holodomar, após o qual o professor Luís Ribeiro nos apresentou mais algumas explicações sobre a época em que ocorreu o Holodomar e as suas causas e efeitos, após mais algumas palavras do Embaixador da Ucrânia, do Presidente da Câmara Municipal de Grândola e da vereadora da cultura da Câmara Municipal de Grândola, o grupo musical ucraniano presenteou-nos com mais três canções finalizando assim a cerimónia.
 
O que é o Holodomar?
 
Holodomor ou Golodomor (em ucraniano: Голодомор) é o nome atribuído à fome de carácter genocidário, que devastou principalmente o território da República Socialista Soviética da Ucrânia (integrada na URSS), durante os anos de 1932 - 1933. Este acontecimento — também conhecido por Grande Fome da Ucrânia — representou um dos mais trágicos capítulos da História da Ucrânia, devido ao enorme custo em vidas humanas. 
Apesar de esta fome ter igualmente afectado outras regiões da URSS, o termo Holodomor é aplicado especificamente aos factos ocorridos nos territórios com população de etnia ucraniana: a Ucrânia e a região de Kuban, no Cáucaso do Norte. 
Como tal, é por vezes designado de "Genocídio Ucraniano" ou "Holocausto Ucraniano", significando que essa tragédia seria resultante de uma acção deliberada de extermínio, desencadeada pelo regime soviético, visando especificamente o povo ucraniano, enquanto entidade socio-étnica. 
A instrumentalização repressiva da fome adquire particular relevância nos territórios maioritariamente ucranianos (Ucrânia e região de Kuban, no Cáucaso do Norte), devido à sua oposição à colectivização agrícola e ao apego que manifestavam pela cultura e tradições nacionais. No sentido de garantir a subjugação de uma nação suspeita de deslealdade, foram aplicadas diversas medidas, entre elas:
  • a confiscação das colheitas, assim como das reservas alimentares dos camponeses, recorrendo a todo o tipo de violências e abusos e colocando em grave risco a sua sobrevivência;
  • o encerramento, pela polícia, das fronteiras da Ucrânia, impedindo que os camponeses procurassem alimentos na Rússia e em outras regiões, ou os transportassem para a Ucrânia;
  • a proibição da venda de bilhetes de comboio e instalação de barreiras policiais nas estações ferroviárias e nas estradas que levavam às cidades. Centenas de milhar de famintos foram assim obrigados a regressar às aldeias, morrendo de fome.
O impacto cultural do Holodomor conheceu duas fases distintas, em resultado de distintos factores de natureza política.

Até ao início dos anos noventa, a abordagem cultural da fome-genocídio (Holodomor) foi severamente condicionada pela censura imposta pelo regime soviético, com a natural excepção das comunidades de exilados implantadas no estrangeiro, nomeadamente nos Estados Unidos e no Canadá. 
 
Com a independência da Ucrânia, em 1991, a situação sofreu uma profunda mudança, permitindo a artistas e escritores a possibilidade de o evocar nas suas criações.

 
O que dizem alguns sobre o Holodomar:
  • "Não é só a fome que deve ser estudada, mas também o seu silenciamento e a indiferença da comunidade internacional daquela época, perante a tentativa de destruição da cultura ucraniana e da identidade religiosa, para que nunca seja esquecido um dos mais imperdoáveis escândalos do século passado". - Prof. Federigo Argentieri, Universidade Giovanni Caboto - Roma, "Mussolini and Ukraine, 1933-1941", 29 de Junho de 2005.
  • " É a organização minuciosa da execução que confere à fome, ao terror ucraniano, o carácter de um genocídio, o segundo do nosso século, após o da Arménia e antes dos Judeus. Durante o Outono de 1932, os campos ucranianos adquirem o aspecto de um campo da morte". - Prof. Alain Besançon, Academia de Ciências Morais e Políticas, "Le Genocide Ukrainien (1932 -1933)", 1999.
  • "A ofensiva soviética contra o campesinato e contra a nação ucraniana, em 1930-1933 foi um dos maiores e mais devastadores acontecimentos da História Contemporânea." - Prof. Robert Conquest, Universidade de Harvard The Genocide Famine in Perspective.‎
 

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